Muitos especialistas, atletas, intelectuais etc., comentaram sobre a abertura das Olimpíadas em Paris. Vou dar a minha modesta opinião, como alguém que já esteve presente e assistiu a várias aberturas de Olimpíadas pela TV.
A primeira discussão é se a abertura de uma Olimpíada deve ser em recinto fechado (estádios, ginásios etc.) ou pela cidade-sede, como aconteceu pela primeira vez em Paris. Na véspera da abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, uma “contra cerimônia” reuniu centenas de manifestantes, criticando o impacto negativo do evento nos mais pobres, incluindo questões ambientais, uso abusivo de voluntários e remoção forçada de pessoas sem teto. Este foi um dos preços de se fazer o evento ocupando áreas da cidade. Os eventos em vários lugares não permitem que aqueles que pagaram ingresso assistam a tudo a não ser pelos telões.
Fala um comentarista: “A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris foi um passeio mágico pelo coração de Paris, mas que esbarrou em uma certa frieza potencializada pela chuva e pela dispersão das atrações ao longo dos 6 km de trajeto.” Outro comentário: “Tempo ruim e ameaças de bomba esfriaram o evento, mas não apagaram a comoção de um passeio pelo coração de Paris.”
Sabidamente, um evento como a abertura dos Jogos Olímpicos necessita de som, cor e luz. A iluminação, a possibilidade de decoração, acústica etc. são fundamentais. Tanto isso é importante que a abertura passou a ter outra dimensão quando a noite caiu sobre Paris.
Para que o leitor tenha uma ideia da minha opinião, depois de muita discussão nas redes sociais, o Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou no sábado que a apresentação de Lady Gaga na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 não aconteceu ao vivo, mas foi gravada uma hora mais cedo em uma escadaria às margens do rio Sena. Foi levada ao ar durante o dia, o que, no meu entender, perdeu muito em termos de show.
Não vou comentar o triste e deprimente episódio da Santa Ceia. Anne Descamps, porta-voz de Paris 2024, e Thomás Jolly, diretor da cerimônia, vieram a público se desculpar. Com este título: “Ministério do Esporte faz post racista com macaco em alusão à delegação brasileira nas Olimpíadas.” Em nota, o Ministério lamentou o ocorrido e admitiu que a “imagem carrega conotações racistas históricas e perpetua estereótipos prejudiciais.” Lamentável.
O leitor já deve ter a sua ideia se um evento como o de Paris deve ou não ser em áreas de uma cidade. Vamos, no meu entender, aos pontos altos do evento: a apresentação de luz sobre a Torre Eiffel, sensacional, sem falar no espetáculo incomum e emocionante da cantora canadense Celine Dion, que, com a sua total recuperação, deu um exemplo significativo ao mundo de que tudo é possível quando se tem força em todos os aspectos. Celine, com a sua apresentação, deu o melhor recado que uma abertura de Olimpíada poderia dar. Gostaria de ressaltar o Gojira, que foi responsável por representar “toda a comunidade do metal.” Foi sensacional.
Ricardo Cavalcanti de Albuquerque, advogado, jornalista e ex-Secretário de Estado.