Eu diria que as pautas bem elaboradas nas redações podem até ditar o bom conteúdo – mas nem sempre – de uma cobertura jornalística ou de um eventual relato. É possível que o texto saia descoordenado ou articulado. Sabe-se lá. Então, depende.
Explico: meu atual roteirista -colega de mil passos e de infinitos rastros em uma linha reta sem fim – me lança um desafio legal: o de ocasionalmente mandar artigos para este requisitado canal. “Gostaria muito”, sugere. Convite orgulhosamente aceito.
Ele se refere à minha experiência nesta praia fascinante, mas ao mesmo tempo que te impõe entrega e comprometimento. Essas coisas, enfim, que chamaríamos de paixão. Sei que vocês me entendem, não é? Aqueles que nunca sentiram isso que atirem a primeira pedra.
Volto ao começo de nosso contato virtual. Logo, pergunto: e o tema? “Livre”, responde. E agora, gente? Vou abordar o quê? Confesso que fui pego de surpresa. Juro: não me preparei para receber o passe de primeira. Absoluto e certeiro para que eu pudesse balançar as redes num chute infalível e indefensável. Seria um jeito clássico de marcar um golaço na frente de uma plateia que prefere aplaudir somente os melhores lances do show de bola.
Reparem como uso a linguagem do futebol. Nem seria diferente. Afinal, foram quatro décadas – cinco talvez – atrás dos atores dos estádios. Minto: às vezes, circulei em outras áreas. Depois de gravar cenas do meu filme profissional em jornais do tamanho da Gazeta Esportiva, Popular da Tarde, Diário da Noite, Estadão, Folha da Tarde, Estadão, O Tempo – BH, Folha de Londrina, Diário do Grande ABC e… Aí resolvi entrar no cenário de noticiário geral na Rede Tupi de Rádio e TV, Sistema Globo de Rádio pela Excelsior na equipe de Isidro Barioni. E, mais recentemente, atuei como repórter de Economia dos Diários Associados pelo Estado de Minas e Correio Braziliense. O que representaria tudo isso na minha carreira? Nada.
O que mais importa na vida é o cotidiano real traduzido como hoje. No entanto, o que mais me interessa é resgatar nesse espaço as principais imagens gravadas na minha memória. Tentarei. Mas vejam só: não me deram uma pauta que aponte o rumo da minha imaginação. Contar o quê? Não sei. Ainda que a entregassem de mão beijada como vou mexer em polêmicas que me conduziriam provavelmente algemado para os tribunais?
Será que me arrisco a revelar o mandante do assassinato de Almir Pernambuquinho (atacanteda Seleção Brasileira e do grande Santos de Pelé,morto a tiros num restaurante do Rio nos anos 70)? Mantenho em segredo o nome de um árbitro que recebeu uma fortuna de um clube tradicional para prejudicar um pequeno na decisão do título estadual de mil, novecentos e tra-la-lá? Coloco na guilhotina a cabeça de um técnico que levou uma grana alta do empresário de um zagueiro que acabava de chegar do interior para o Corinthians?O Timão subornou Dulcídio WanderleiBoschília na finalíssima do fim do tabu de quase vinte e três anos? Não, mas eu entrarei em detalhes na minha próxima coluna. Aguardem.E a pauta, chefe? Ou improviso?