Muitos pacientes em tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), mais conhecido como Lúpus, têm preocupações relacionadas ao cansaço, dores nas juntas, dificuldade de desenvolver atividade física e a sua funcionalidade social. Faz parte do cotidiano de uma pessoa que convive com a doença autoimune e sem cura. Mas, pouco se fala sobre o acometimento dos rins, conhecido na comunidade científica e médica como Nefrite Lúpica. E por que falamos tão pouco sobre ela?
A Nefrite Lúpica é uma inflamação nos rins, causada por um ataque das nossas células de defesa ao órgão, já que estamos falando de uma doença autoimune. Sabemos que cerca de 50% das pessoas com Lúpus, em algum momento da vida, poderão evoluir para o acometimento renal.
Infelizmente, no momento do diagnóstico do LES não é possível prever se o paciente terá a Nefrite ou não, pois existem componentes genéticos, ambientais, dentre outros que não são previsíveis. Podemos afirmar, no entanto, que assim como no Lúpus, a Nefrite também é mais prevalente em mulheres.
A Nefrite pode apresentar no início edema de membros inferiores e no rosto, juntamente com hipertensão, entretanto sua detecção, por vezes, ocorre apenas por meio de exames laboratoriais. Em alguns casos podem ser observados também urina espumosa ou avermelhada, por conta da perda de proteína ou sangue. Para minimizar o risco do diagnóstico tardio, a avaliação regular da função e lesão renais em pacientes com lúpus é fundamental. O diagnóstico precoce e o início do tratamento são importantes, porque até 20% dos pacientes com LES desenvolvem condições ou complicações mais graves.
O tratamento da nefrite lúpica inclui habitualmente o uso de imunossupressores e corticoide, que vão ajudar a impedir que a inflamação renal se agrave. O tratamento do acometimento renal é fundamental para preservar a função renal a longo prazo, além de evitar danos e melhorar a qualidade de vida relacionada a saúde do paciente. Uma das complicações é a doença renal crônica, que pode evoluir para a necessidade de realização de hemodiálise e transplante renal. Essa condição pode acometer até 20% dos pacientes com nefrite lúpica.
Uma das principais metas da terapia para a nefrite lúpica é atingir remissão rápida da doença ativa. Nos últimos anos, surgiram novas opções de tratamento adjuvante, ou seja, associado aos imunossupressores, com destaque para os imunobiológicos. A escolha da terapia biológica demonstrou reduzir o risco do paciente com NL evoluir com complicações renais, como a doença renal crônica, diminuindo as chances de óbito por conta das consequências da nefrite.
Recentemente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulamentação do sistema privado de saúde, abriu a Consulta Pública nº 132 – UAT 120 para colher opiniões de pacientes, familiares e profissionais de saúde sobre a incorporação de uma opção de tratamento para a nefrite lúpica na lista de cobertura obrigatória dos planos de saúde. Para participar, basta clicar neste Link.
Dr. Gabriel Montezuma, CRM 152467 SP, é nefrologista da Escola Paulista de Medicina (Universidade Federal de São Paulo – Unifesp) e diretor do Nefropapers.