O que existe em comum entre religião, política e futebol? Apesar de os conteúdos serem completamente diferentes, existem pontos muito próximos e um deles é o fanatismo.
Segundo o dicionário Aurélio, fanático é aquele que segue uma doutrina ou partido com todas as suas forças. Cristãos veneram Deus. Torcedores amam seus times de coração. Eleitores defendem com unhas e dentes o político que escolheram para estimar e ter como sua referência.
O segundo ponto que une essas três categorias é o que chamo de inimigo comum. O oposto de Deus é o Diabo. Um time grande de futebol sempre tem um concorrente forte, que é odiado pela torcida adversária. E o político que segue o direcionamento X não concorda em nada com quem defende o lado Y e vice-versa.
O terceiro componente é o emocional. A paixão é tanta, que em situações de embate ou conflito, temos a ocorrência de desentendimentos acalorados, xingamentos, brigas e até mortes.
O quarto elemento é o choro, que pode ser de emoção como também de profunda raiva. No culto religioso, o fiel derrama lágrimas ao sentir contato mais próximo com Deus ou quando tem uma graça atendida.
Nos estádios de futebol, é possível ver torcedores chegando para o jogo com aparência tranquila, mas durante a partida se transformam completamente, podendo extravasar sua alegria com a vítória ou raiva quando o time perde, vindo a derrame de muitas lágrimas. E no dia da eleição, quando sai o resultado das urnas, é possível ver eleitores com as mãos nos rostos enxugando as lágrimas, tanto em caso de vitória, como em derrota também.
O quinto item, que identifica cada um dos grupos acima, é o que chamo de visibilidade. O cristão pode usar alguma peça, corte de cabelo ou vestimenta para demonstrar qual religião adota.
No futebol, temos prazer em vestir a camisa do time de coração e até tatuar no corpo o escudo da agremiação.
Na política temos a mesma estratégia. Algumas pessoas fazem questão de exibir algum adorno que o identifique como sendo do lado X ou Y o u até mesmo pendurar na janela de casa ou no veículo o símbolo que identifique o político idolatrado.
Ainda criança, já ouvia um ditado que mais se tornou uma prece:
“Política, Religião e Futebol não se discute”.
Confesso ao amigo leitor que naquela época não entendia bem essa afirmação tão taxativa. Agora, com mais de 50 anos de vida, entendo a sapiência desse pensamento.