Fez tempo que a Polícia Civil de São Paulo vem perdendo seu protagonismo político no cenário do combate à criminalidade. Seu papel constitucional de Polícia Judiciária vem sendo confrontado desde as discussões e promulgação da Constituição Federal de 1988. O embate foi forte na época, principalmente com o Ministério Público.
Ao longo do tempo, novas tentativas aconteceram e até hoje o que está escrito na Carta Maior é que cabe à Polícia Civil do estados e a Polícia Federal o trabalho de polícia judiciária, ou seja, registrar, investigar e presidir o Inquérito Policial. À Polícia Militar cabe a árdua e não menos importante tarefa de prevenir e combater ostensivamente o crime.
Nos últimos dias, houve a determinação do governo estadual de permitir alguns atos que são exclusivo da Polícia Civil para a Polícia Militar. A justificativa é que ao registrar a ocorrência criminal nas delegacias, a equipe perde muito tempo e desfalca o policiamento de rua. Não deixa de ser uma verdade. A medida provocou uma chiadeira geral e estremeceu o prédio do Palácio da Polícia Civil no centro da capital. Todos os delegados que exercem cargos de diretoria estiveram presentes e, numa tensa e extensa reunião, conseguiram um recuo tático e o Secretário de Segurança Pública resolveu criar um grupo de trabalho para reavaliar a medida. Um ato sensato para conter um turbilhão de revolta.
O atual governo do estado está dando uma chacoalhada no combate à criminalidade, principalmente no combate às facções criminosas e, segundo pesquisas, tem tido o reconhecimento de boa parte da população.
Sobre as dificuldades no atendimento e registro de ocorrências nas delegacias é preciso que se faça alguma coisa para acelerar o processo, não só para a PM, como também para a população.
A verdade é que muitas delegacias de polícia em todo o estado de São Paulo estão sucateadas. Falta gente, faltam equipamentos. Várias tiveram horários reduzidos, não atendem no período noturno e nos finais de semana, obrigando o cidadão e a PM a ida a outros distritos para registrar um crime e prender criminosos.
A culpa, com toda certeza não é da atual administração. Isso vai custar muito dinheiro, novos concursos, alguns já em andamento, e vontade política de mudar.Acompanho há mais de 40 anos o combate à criminalidade e testemunhei alguns avanços e muitos retrocessos. Que tal aproveitar o momento para discutir para valer esses problemas que mudariam o patamar das polícias?
A lei deve ser obedecida e aplicada. Aos membros da Polícia Civil, chegou a hora de encarar a questão de frente. Continuem mobilizados e lutem para melhor atender à população.
São nesse momentos que a sociedade evolui.