No passado, fui à loja de uma operadora de telefonia móvel para reclamar sobre diversos “serviços” que não tina contratado, mas passaram a cobrar. Na época, o atendente da loja não conseguiu resolver no seu sistema e fomos ao “telefone branco” adotado para casos não resolvíveis no balcão. Pedi ao atendente e não eu, que ele explicasse a ocorrência para facilitar a solução. Ele falou com alguém, este chamaria a “chefe”. Como estava demorando e o atendente precisaria voltar ao balcão passou o telefone para mim. Em um minuto, surge a chefe, atende o telefone, escrachado o atendimento dele para comigo – cliente- “P*, cara* já te avisei quando surgir este tipo de reclamação você de enganar o imbecil, não facilite a vida dele.” Estarrecido, informei a destrambelhada chefe que era o imbecil na linha. Ela deu uma risada histérica e desligou. Fui vivo e troquei a operadora. Este foi um exemplo do que enfrentamos quando há empresas e seus representantes que têm uma missão e valores escritas nas paredes e não seguem o que pregam. Na esfera pessoal, sobram xingamentos, brigas, agressões, assédios, furtos, assaltos e homicídios.
Estamos todos cansados das relações conflituosas, do tratamento ríspido, do atendimento digital desumanizado. A falta de atenção em dar uma resposta, uma simples explicação por que não conseguiu se empregar ou simplesmente deixar passar uma manobra inocentemente equivocada no trânsito. Alguns ultrapassam das palavras, partem para os tapas e empurrões, chegam as armas. Para que e por quê? É uma transferência de frustrações e ponto de agressão.
Se levarmos em conta os conflitos gerados por pequenos contratempos ou mau entendimento da atitude do outro as ocorrências se multiplicam. Há um contingente que tem certeza que obedecer a lei, regulamento e normas sociais é coisa para trouxa. Será? Outro contingente vive estressado. As pessoas andam sem paciência, são imediatistas e se revelam descorteses. Falo do brasileiro. A nossa cultura contemporânea aflitiva. Todos falam sobre preconceitos, assédios, discriminações, importunações, mas ninguém fala que na maioria das vezes a comunicação destes eventos são carregados de ódio e intolerância deixando de ouvir o que de fato aconteceu. Quantas vezes minorias e comunicadores usam dos seus meios para acusar outros sem averiguação? Se Lobato estivesse vivo jogaria um pó especial de pirlimpimpim e as turbulências poderiam diminuir. Como ele já foi, o que nos resta?
Religião: a adoção sincera por uma religião ajudaria. Em qualquer religião, se busca o bem e acomodação sobre as situações difíceis: das dores que o atormentam ou da morte. Há valores e obediência à regras de conduta. Pedimos a Deus compaixão. Se isto acontece nas religiões o que esperar do não religioso? A compaixão humana, palavra, atos de conforto e carinho do próximo. Ele não tem um Deus para chamar nas horas da sua aflição, mas pode ser criado com valores sociais aceitos e civilizados.
Escola: é o local mais apropriado para a difusão deum comportamento social humanizado. Aqui o exemplo das professoras é determinante. Sem falar na necessidade de aplicarmos ao currículo normas sociais e de tratamento interpessoal adequado. Obedecer não tolher liberdade, é reconhecer o direito do próximo ser tratado com condescendência. Ninguém temo o direito de subverter o direito do próximo, a descortesia deve ser advertida ou punida conforma a gravidade.
Família: Aqui, mora o perigo. A família nem sempre vive um clima favorável. Sempre há no seu núcleo alguém que transmite a autoridade e coloca os pontos nos ii. Onde muitos irão se espelhar e aceitar os mandamentos.
Instituições sociais e culturais: hoje o terceiro setor com o apoio do estado tem oferecido abrigo para crianças e jovens serem atendidos em suas necessidades e amparo. Lá os agentes sociais criam ambiente seguro para que vivam uma realidade diferente do ambiente onde vivem. Temos que disseminar esta alternativa. Lembro tem uma conversa com o ministro da cultura da Escócia que retratou o ambiente familiar das crianças atendidas no conservatório de Glasgow. “Aqui, talvez seja o único lugar seguro onde este jovens aprendem música e tem em seus professores o exemplo de comportamento vida para se espelhar para o futuro, dada a precariedade moral do ambiente onde vivem.”
O Tratamento pessoal: devemos interiorizar a possibilidade de nos tratar para examinar nossa fúria, obsessões e aprofundar as causas dos nossos distúrbios e tratá-los. Ajuda profissional e remédios pode e devem ser uma forma de contribuição para melhorar nosso convívio social.
O Estado: o último encontro da pessoa com a realidade. Servirá para aqueles que não conseguiram se conter, apreender e conviver socialmente. A natureza humana tem um impulsivo viés predador, que nem sempre a educação familiar ou institucional modela para o convívio social. A nossa sociedade é heterogênea, onde convivemos com pessoas incapazes de enxergar a razão do próximo. Além disto, há uma pequena porcentagem destruidora que agridem os outros de todas as formas. São os psicopatas. Não tem cura, precisam ser impedidos e até mesmo contidos. Enfim, aqueles que ultrapassarem os limites da lei e da ordem poderão encontrar nos aparelhos do estado como ponto final.
Em resumo, nenhuma reação deve ser desproporcional a ação empreendida. Nesta hora, avalie para seguir o conselho do seu superego (valores) e não seguir o seu id (instituto) quando instiga o seu ego (personalidade).
Siga seus valores empáticos, tenha boa vontade e ao mesmo tempo cautela quanto ao tratamento com o próximo.