O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criou uma tensão desnecessária durante a sua viagem ao continente africano no último fim de semana, quando decidiu comparar a operação israelense contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus feito pelo líder da Alemanha Nazista, Adolf Hitler. A repercussão da sua fala provocou, até agora, mais críticas do que apoios ao presidente.
Em um momento em que Lula deveria estar mais preocupado em resolver problemas internos como dengue, volta da covid e aumento da violência, ele pode ter dado um tiro no pé com a declaração sobre a guerra em Gaza e Holocausto. Pior: o governo de Israel declarou Lula persona non grata no país e até mesmo aliados do presidente admitem que ele deu munição para inflar ainda mais o ato convocado por Jair Bolsonaro para domingo (25) na Avenida Paulista.
A análise é de que os bolsonaristas vão aproveitar a manifestação para fustigar Lula e o governo. Assim, buscam tirar o foco das investigações da Polícia Federal com o ex-presidente, que já precisou entregar seu passaporte às autoridades. A PF apura a participação de Bolsonaro em uma articulação para dar um golpe de Estado, impedindo as eleições de 2022 ou a posse do próprio Lula.
Após a fala de Lula sobre Israel, alguns deputados iniciaram o processo de coleta de assinaturas para abrir um processo de impeachment na Câmara. A justificativa é que o presidente cometeu crime de responsabilidade ao expor o Brasil ao perigo de guerra. É claro que isso não vai dar em nada, pois esse não é o primeiro pedido que deputados bolsonaristas fazem no atual governo, mas cria um desgaste desnecessário.
Neste momento, é preciso encontrar caminhos para terminar com a guerra na Faixa de Gaza, e não aumentar ainda mais a tensão. Os povos israelense e palestino vivem um momento triste e não precisam de fatores externos para criar mais pontos de embates violentos.
Vale lembrar que um ataque terrorista do Hamas, no dia 7 de outubro, desencadeou a escalada do conflito na Faixa de Gaza que se arrasta há décadas. Homens armados mataram 1,2 mil israelenses e levaram cerca de 250 reféns. Israel declarou guerra aos agressores e mobilizou o exército para uma resposta. As autoridades de saúde de Gaza, que é controlada pelo Hamas, estimam que cerca de 28 mil palestinos, em sua maioria civis, tenham sido mortos na região desde o início do conflito em outubro.
Por isso, Lula diz que o que ocorre lá “não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”. A crítica a Israel por reagir ao ataque terrorista do Hamas desproporcionalmente é válida, mas comparar com o Holocausto e os 6 milhões de judeus mortos pelo nazismo parece ser descabido. São coisas totalmente distintas. Não dá para equiparar a tentativa de eliminação dos judeus por parte de Hitler com uma suposta ação de Israel agora de aniquilação do povo palestino, mesmo que algumas pessoas a chamem de operação de limpeza étnica. O triste é que, até agora, 1.500 crianças palestinas foram mortas pelos ataques de Israel. Esse é um fato que não podemos ficar calados, muitos menos aceitar de que a operação de Israel é “para limpeza étnica”. Os israelenses assim como os palestinos merecem respeito.
UM DESGASTE DESNECESSÁRIO por Mauro Ramos
Deixe um comentário
Deixe um comentário