A segunda-feira amanheceu fria, com pouca luz, meio desanimada, contrastando com os 15 dias que a antecederam: dias de muita luz, de muita alegria, de gente bonita se movimentando por Paris, correndo, saltando, nadando (até mesmo no sujo Sena), lutando, estabelecendo recordes, as mulheres vencendo os homens, emoção para todo lado e a todo momento – enfim, a romântica Paris ofereceu ao mundo um espetáculo digno de se chamar O Maior Espetáculo da Terra.
Título que peço emprestado a Cecil B De Mille, o mago do cinema épico, do qual “Maior Espetáculo da Terra” com Charlton Heston, de 1952, e “Os 10 Mandamentos”, de 1956 com o mesmo Heston e mais Yul Brynner, além de grande elenco, são apenas dois dos grandes sucessos deste diretor.
Paris soube somar a beleza inquestionável de sua cidade à tecnologia que ajuda muito, mas, às vezes, atrapalha.
Enfim, foi um espetáculo.
Estados Unidos e China mandaram no quadro de medalhas. Foi pau a pau e somente nos minutos finais dos Estados Unidos ganharam a medalha vencedora que colocou Tio Sam no alto do pódio.
O Brasil fez o que pode, papel que lhe cabe como subdesenvolvido no mundo olímpico, mas também nos proporcionou imagens que mereceram aplausos e lágrimas.
Antes dos jogos, nosso futebol masculino nos proporcionou o vexame absurdo de não passar no exame primário que foi o Pré-Olímpico. Incrível nosso futebol não ter se classificado.
Mas ficamos com a alegria e a emoção que as meninas despejaram sobre nós.
Infelizmente, não ficamos com o tão almejado ouro que cairia bem como prêmio para a Rainha Marta, seis vezes eleita a Melhor do Mundo e que, com certeza, despediu-se da nossa Seleção.
Será que alguém vai se dar ao trabalho de mostrar para os marmanjos, o que significa uma Seleção Brasileira? O que significa aquela camisa amarela que todos nós amamos?
Não sei.
Chegamos à bela Paris com 277 atletas para disputar em 39 modalidades esportivas e, pasmem, 153 mulheres, ou 55% por cento do total.
E é assim: elas vão marcando presença primeiramente pelo número de atletas. Depois, maiores também no número de medalhas.
Talvez a imagem mais bonita das muitas em Paris, tenha sido o voo de Gabriel Medina, num clique espetacular do fotógrafo francês Jerome Brouillet, que rodou o mundo.
Mas, como esquecer a nossa bela e suave Rebeca Andrade sendo reverenciada por duas feras norte-americanas na ginástica, sendo uma dela simplesmente Simone Biles, a melhor do mundo?
Tivemos imagens e informações o dia inteiro, todos os dias, num belo trabalho de cobertura da Globo e os canais SporTV.
A Globo mandou um repórter, Guilherme Pereira, para Paris seis meses antes da Olimpíada.
Um ótimo esforço de reportagem, mas não um fato inédito.
Em 1982, o Jornal da Tarde, sempre à frente de seu tempo, mandou o solerte repórter Castilho de Andrade para a Espanha, exatos seis meses antes de começar a Copa do Mundo daquele ano.
Nesse tempo, diariamente, Castilho brindou os leitores do JT com ótimas e saborosas informações.
Mas o trabalho da Globo foi muito bom, tirando um exagero aqui, outro ali, explicáveis pela emoção do momento.
Destaco dois narradores: Everaldo Marques, na televisão, e Marcelo do Ó, na Band FM.
Agora, Los Angeles, a terra do cinema, se prepara e nos prepara para surpresas as mais cinematográficas possíveis.
Não pense que será impossível uma prova da clássica esgrima sendo disputada acima daquelas famosas letras: Hollywood.
E um dos competidores, claro, será Tom Cruise.
Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.