Leonel de Moura Brizola nasceu em 22/1/1922 no povoado de Cruzinha,
município de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. Era filho de José de Oliveira Brizola e
de Onívia de Moura Brizola. Perdeu o pai em 1923, morto em combate na Revolução
Federalista de 1923, lutando ao lado de Joaquim Francisco de Assis Brasil, contra as
forças republicanas lideradas por Borges de Medeiros.
É impraticável resumir a carreira política de Leonel Brizola em pequeno
artigo. Sabe-se, entretanto, que foi criado por família luterana e que, em 1945, após
superar enormes dificuldades, matriculou-se na Faculdade de Engenharia da
Universidade do Rio Grande do Sul, concluindo o curso de engenheiro em 1949.
Admirador de Vargas, Brizola foi um dos primeiros aderentes ao Partido
Trabalhista Brasileiro (PTB), organizado pelo ditador Getúlio Vargas em maio de 1945,
meses antes do golpe de 29 de outubro do mesmo ano, que derrubou o Estado Novo
e colocou fim à ditadura varguista implantada em 10/11/1937. O PTB se apoiava na
estrutura sindical manipulada pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,
valendo-se do prestígio conquistado por Vargas graças à Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) aprovada em maio de 1943, com a qual atraia para a legenda a nova
classe operária urbana.
Com o Brasil redemocratizado em 1946, Brizola se elegeu, pelo PTB,
deputado à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em janeiro de 1947. Dava
início à longa e fulgurante carreira política que o levou à Câmara dos Deputados em
1954, a prefeito de Porto Alegre em 1955, a governador do Rio Grande do Sul em
1958, novamente a deputado federal em 1962, sempre pelo PTB. Em abril de 1964,
após a deposição do presidente João Goulart pelo golpe militar de 31de março, teve o
mandato cassado e suspensos os direitos políticos por 10 anos, ao lado de dezenas
de outros políticos, militares, jornalistas, intelectuais. Exilou-se inicialmente no
Uruguai, sendo expulso em setembro de 1977, quando se refugiou nos Estados
Unidos.
Com a Lei da Anistia, aprovada em agosto de 1979, durante o governo
do presidente João Figueiredo, Brizola regressou ao Brasil, disposto a reorganizar o
Partido Trabalhista Brasileiro e a disputar a presidência da República. Seu objetivo, em
relação ao PTB, foi, porém, frustrado por Ivete Vargas, que, com a ajuda do ministro
Golbery do Couto e Silva, lhe passou à frente e obteve o registro da legenda em maio
de 1980. Indignado Brizola declarou: “Uma sórdida manobra governamental conseguiu
usurpar a nossa sigla para entregá-la a um pequeno grupo de subservientes do poder”
(Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930, Ed. FGV, 2ª ed. revista e
atualizada, vol. I, pág. 844).
O que se passou após a redemocratização em 1985 e a promulgação
da Constituição de 1988, deve estar presente na memória de todos, sendo
desnecessário registrar. O legado político de Leonel Brizola é, contudo, questionável.
Jamais alcançou a presidência da República e levou a efeito os seus objetivos
nacionalistas. Quanto à liderança de movimentos populares, acabou sobrepujado pelo
Partido dos Trabalhadores (PT), fundado em 1980 por Luíz Inácio Lula da Silva, o
sindicalista que se projetou a partir das greves do ABCD no final da década de 1970.
O Partido Democrático Trabalhista (PDT) foi criado em 1979 por um
grupo de políticos ligados a Leonel Brizola, entre os quais se destacavam Doutel de
Andrade, Alceu Colares, José Frejat, Benedito Cerqueira, Susana Thompson Flores
Pasqualini, Guaçu Piteri, Darci Ribeiro, Neiva Moreira, O registro definitivo foi deferido
pelo Tribunal Superior Eleitoral em novembro de 1981.
É conhecida a trajetória de Carlos Lupi dentro dos quadros do PDT.
Elegeu-se deputado federal em 1990. Em breves palavras, foi vice-líder do PDT na
Câmara dos Deputados, ministro do Trabalho no governo Dilma Roussef e ministro da
Previdência Social do presidente Lula, nomeado em 1º de janeiro de 2023 até ser
exonerado em 2 de maio de 2025, apanhado pelo escândalo dos descontos indevidos
em aposentadorias e pensões.
O que me espanta é a indiferença com que ouve acusações a propósito
da maneira como se conduziu, à frente do ministério da Previdência Social enquanto
aposentados e pensionistas eram roubados descaradamente por sindicalistas, ex-
sindicalistas, associações fantasmas e outras organizações que conseguiram violar
documentos relativos a milhões de aposentadorias e pensões.
Confrontado na Câmara dos Deputados, o ex-ministro nada foi capaz de
dizer a respeito de prejuízos que andam em torno de R$ 6,5 bilhões. Carlos Lupi
integra, desgraçadamente, o legado político de Leonel Brizola, o nacionalista que fez
do combate à corrupção uma das suas bandeiras políticas.