Quem acompanha o futebol no Brasil sabe que nossos clubes são muito mal administrados (em sua maioria) e geralmente vivem endividados. Tudo isso porque seus dirigentes, além de desonestos, não são transparentes como deveriam e gastam sempre muito mais do que podem, sem se preocupar com quem vai sucedê-los no futuro. Um exemplo disso ocorreu nas últimas horas, quando Augusto Melo, novo presidente do Corinthians, recebeu das mãos de sua assessoria financeira, um balanço completo de tudo o que o clube está devendo na praça e quais os recursos que tem para pagar pelo menos as dívidas mais importantes. Para sua surpresa, o Corinthians tem hoje uma dívida que beira 1 bilhão e 600 mil reais (já contando com o que ainda não foi pago do estádio de Itaquera) e quase não há recursos para pagar as dívidas. Em razão disso, Augusto Melo comunicou aos conselheiros, associados e torcedores do clube, que não “poderá cumprir suas promessas de montar um time novo e pagar as dívidas mais urgentes em curto espaço de tempo”. Lembro que, quem esteve no comando do clube nos últimos anos foi o grupo de Andrés Sanchez, que jamais se preocupou com o que gastava ou quanto recebiam por mês. Venderam e compraram jogadores, contrataram técnicos e preparadores físicos, e no fim do ano passado, mandaram parte dos jogadores do elenco embora, o que deixou o técnico Mano Menezes quase sem recursos para montar um time de alguma qualidade, para disputar o Campeonato Paulista desta temporada.
Isso vai prejudicar em todos os sentidos a administração que assumiu o Corinthians no mês de janeiro. Melo vai precisar dinheiro para pagar os salários e dívidas atrasadas com jogadores; vai precisar pagar todo mês a parcela referente a construção do estádio; vai precisar pagar os impostos municipais, estaduais e federais que todo clube paga; não terá dinheiro para melhorar a qualidade do time titular do Corinthians como sua diretoria e a grande torcida alvinegra pretendia; além de uma série de outras despesas que todo clube de futebol tem a cada semana, ou a cada mês que termina. Pior ainda é saber que o anunciado novo patrocinador do clube que iria investir 370 milhões de reais no clube durante os próximos três anos, não assinou até agora o contrato para garantir que esse dinheiro vai mesmo entrar nos cofres corintianos. Pior é que para sair deste buraco não há muitas saídas. Por isso sugiro daqui que Augusto Melo monte um super departamento de marketing, para fazer dinheiro com o nome Corinthians ainda no primeiro semestre de 2024. Com o elenco frágil como o clube tem hoje, a melhor solução seria aproveitar os jovens revelados na última Copa São Paulo, que são tecnicamente de bom nível e ainda não tem salários altos. Lógico que eles vão oscilar a cada jogo, devido a falta de experiência, e que, por isso mesmo, não terão condições de momento para dar títulos importantes ao clube. Importante neste momento, é evitar a todo custo que o clube seja rebaixado nos campeonatos paulista e brasileiro. Se isso ocorrer, será um desastre total ou o fundo do poço para um clube da grandeza do Corinthians.
Outra boa alternativa seria o Corinthians fazer como o Botafogo carioca, Vasco da Gama, Cruzeiro de Belo Horizonte e o Bahia (só para citar alguns) que se transformaram numa SAF. Para explicar melhor, quando um clube chega a essa situação do Corinthians, seu Conselho aceita que um grande empresário brasileiro ou estrangeiro assuma a administração geral do clube e resolva os problemas financeiros com seu próprio dinheiro. Entre os associados corintianos, a grande maioria é frontalmente contra essa ideia, mas, se não houver outra solução, seria a única saída viável para o clube não fechar as portas. Paralelamente, o Governo Federal deveria desde já criar um órgão especial para acompanhar as administrações dos nossos clubes (e até das Federações e da CBF). Também deveriam ser criadas leis bem claras e duras que obriguem os dirigentes dos clubes, a pagar do próprio bolso as dívidas exageradas feitas durante sua gestão. Outra sugestão é que, caso esse dirigente não pague, ele sofra um processo na Justiça Comum, tendo como pena a prisão por alguns meses ou até anos, conforme o montante da dívida criada por ele. Se essas leis já existissem, garanto que um grupo como o de Andrés Sanchez, não teria exagerado tanto nas dívidas que seus integrantes fizeram enquanto participaram da administração do clube.
Sérgio Carvalho – Jornalista