A relação entre a arte e a saúde mental começou a se estabelecer no Brasil por meio dos trabalhos de Osório César (1895-1979), psiquiatra e crítico de arte brasileiro, na década de 1920 no Hospital Psiquiátrico do Juqueri em São Paulo e de Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra brasileira e estudiosa de Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra suíço, na década de 1940 no Rio de Janeiro.
Os trabalhos realizados por Nise da Silveira e Osório César se referem à utilização de recursos artísticos com o objetivo de reabilitação psicossocial dos indivíduos em sofrimento psíquico.
Ou seja, a arte proporcionando bem-estar físico, psíquico e social para os portadores de transtornos mentais.
É um tratamento alternativo e menos invasivo por intermédio da arte que rompe com a lógica manicomial, centrada no cuidado meramente medicamentoso, e busca a reinserção social.
O trabalho com arte no campo da saúde mental é um olhar sobre a “loucura”, termo em desuso na psiquiatria.
É importante romper com as visões estigmatizadas da “insanidade”!
Osório César no Hospital Psiquiátrico do Juqueri em São Paulo se preocupava com a extensão terapêutica das oficinas de arte e com a possibilidade de inserção social dos internos.
Vários artistas frequentavam o Hospital. Era um espaço de encontros, onde artistas, internos ou não, trocavam experiências.
O trabalho introduzido por Osório César foi amplamente desenvolvido por Nise da Silveira, no Rio de Janeiro, a partir da década de 1940.
Nise da Silveira inaugurou, juntamente com artistas e profissionais da saúde mental, a Casa das Palmeiras, clínica de tratamento aberta, sem fins lucrativos e tendo como princípios norteadores o afeto e atividade artística como possibilidade de reorganização psíquica e reinserção social.
Enfim, os trabalhos empreendidos por Nise da Silveira e Osório César evidenciaram a possibilidade de propiciar tratamentos verdadeiramente humanizados e com capacidade de reabilitação psicossocial dos indivíduos com transtornos mentais.
Os tratamentos no campo da saúde mental devem ocorrer por meios menos invasivos possíveis. Por isso, nessa perspectiva, a utilização de recursos artísticos, como forma de tratamento, é de suma importância na recuperação do portador de transtorno psíquico.
A arte, portanto, faz bem à saúde mental e física dos indivíduos.
Os recursos artísticos são um caminho que estreita a relação entre o transtorno e a saúde psíquica por meio da prática da criatividade que estimula a inteligência, o talento e a sensibilidade.
A arte amplia o contato afetivo com a realidade o que facilita a reestruturação interna do paciente.
Os indivíduos se tornam mais intensos e autênticos ao tentarem exprimir os seus sentimentos por meio de trabalhos artísticos.
A reforma psiquiátrica vem permitindo práticas humanizadas no tratamento de sofrimentos psíquicos.
A arteterapia é uma dessas práticas que diminui o sofrimento mental, ou pode até ser a libertação de uma grande dor.
A arteterapia traz paz e tranquilidade para quem a pratica, pois é uma forma de expressão humana que melhora a concentração, a ansiedade, o estresse do cotidiano e é um momento de lazer que equilibra a saúde mental e emocional.
Portanto, a arte é benéfica para os portadores de transtornos mentais, pois cria possibilidade de bons resultados nos tratamentos psiquiátricos e de uma forma não invasiva, isto é, respeitando o paciente como um ser humano acima de tudo.
“Ficar “louco” de vez em quando é necessidade básica para permanecer são”.
Osho (1931-1990), líder espiritual indiano.