Na década de 1990, lojas de varejo, especialmente voltadas para roupas, calçados, moda, beleza e outros acessórios, ancoravam-se principalmente no vitrinismo para alavancar vendas. O vitrinismo sempre foi o suporte eficaz para destacar e conceituar o comércio de varejo, transformando-o em um atrativo singular. Havia até cursos de vitrinismo muito concorridos para formar profissionais, muitos dos quais se tornaram famosos e eram contratados a preço de ouro pelas grandes lojas. A técnica de expor e valorizar os produtos sempre teve suas peculiaridades.
Outras ações de suporte no varejo ocorriam por meio de páginas de revistas, jornais e desfiles de moda, sempre muito badalados. O mundo mudou e, com ele, esse cenário também. Após o advento dos recursos tecnológicos, originando outras formas de comunicação como blogs, sites de vendas e influenciadores digitais, as ações mercadológicas tomaram novo rumo. Com apenas alguns cliques em smartphones ou notebooks, temos o mundo em nossas mãos.
O comércio, mais do que depressa, descobriu uma nova estratégia de vendas. As compras são realizadas por meio desses aparelhos, com entrega em domicílio e pagamento no cartão de crédito. O conforto para os consumidores parece ser maravilhoso. Mas (ainda) não é bem assim. Existem problemas que não foram superados nesse processo. Muitas mercadorias não são entregues nos prazos previstos, e até mesmo há casos de não entrega. Como se não bastasse, ainda há toda sorte de malandragem, como sites falsos e uma burocracia ingrata capaz de gerar desprazer a muitos consumidores, que acabam recorrendo a outros meios para reclamar seus direitos.
Talvez um dia essa situação seja melhorada por meio de filtros legais limitando a ação desses aventureiros do mundo digital. Uma coisa, porém, é verdadeira: as compras por meio virtual aumentarão e os consumidores terão que se adaptar melhor. Sobre o vitrinismo, não saiu de moda, apenas cedeu espaço a essa nova realidade. O diferencial, no entanto, é que os profissionais vitrinistas ainda existentes também evoluíram. Hoje, em conjunto com os fornecedores de maquetes, mock-ups de pessoas (sempre em proporções maiores para se destacarem nas vitrines) e mais recursos como luzes e cores, executam seus trabalhos mais ao estilo teatral, enfatizando, como sempre, a tridimensionalidade.
As vitrines, hoje em dia, sejam as de grandes shoppings ou em lojas de luxo localizadas em pontos atraentes para seu público-alvo, se transformaram em verdadeiras obras de decoração. O vitrinismo, na verdade, não perdeu seu espaço, apenas se qualificou diante da horizontalização das demais ações de venda no varejo. Continua alavancando vendas, mas, com certeza, não mais como já foi um dia.