Há exatamente um ano, em setembro de 2023, escrevi um artigo questionando o limiar do egoísmo.
A minha reflexão, hoje, se reporta ao exacerbamento do ego, que ultrapassou o seu limiar e pode ser verificado nas atitudes de algumas figuras proeminentes do nosso país, como de tantos outros, consideradas autoridades, atitudes que têm sido assustadoras, caóticas, reprovadas pela maioria da sociedade isenta e consciente.
A única constatação possível, no momento, é que o sistema está se autodestruindo. O sistema está em crise.
Reporto-me a Albert Einstein, quando, com sua acuidade única, afirma que “a crise é a melhor bênção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz progresso. A criatividade nasce da angústia como o dia nasce da noite escura. Na crise, nascem inventividade, descobertas e grandes estratégias.”
Esta reflexão, me remete, sem dúvida, à crise de valores que o planeta enfrenta, já há algum tempo, de forma avassaladora, assustando mesmo os mais atentos e transformando o futuro em uma incógnita extremamente preocupante.
Pensar na crise como uma benção, como afirma Einstein, principalmente no concernente à crise de valores, além da ausência de perspectivas a curto prazo, requerer certo grau de estabilidade que deverá, indubitavelmente, ser cultivada com paciência e perseverança.
Países, como o nosso Brasil, vive a instabilidade da ausência de liberdade. Ditaduras são instaladas ou consolidadas, como a recente crise política e institucional na Venezuela.
Países como os Estados Unidos da América sentem a insegurança que lhes ocasionará a eventualidade de um resultado catastrófico nas próximas eleições majoritárias, quando a economia, a liberdade, os valores poderão ser ceifados e, o povo americano, transformado em marionetes do globalismo.
Países como a Alemanha, França e a Inglaterra, dentre outros, assistem a gradativa perda de seus valores culturais para os migrantes que ocupam
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suas cidades e usurpam os recursos gerados por eles, cidadãos. Este fenômeno, suportado e avalizado pelos seus governos, estão transformando a realidade dessas sociedades, sendo paulatinamente enterrada qualquer possibilidade de inventividade, como mencionado por Einstein, pelo menos por enquanto.
Encontramo-nos frente a situações de desequilíbrio de um elemento crucial da figura humana, que é a liberdade.
O que leva uma autoridade – ocupante de cargo executivo, legislativo ou judiciário, ou mesmo militar, todos identificados pelo desejo do poder, de ditar ordens, de ser obedecido -, ceifar a liberdade dos cidadãos, senão a constatação de total ausência de caráter e um desequilíbrio de personalidade?
E o povo se cala?
O memorável Abraham Lincoln, ícone americano da igualdade, liberdade e democracia, nos presenteou entre outros legados, com um chamado à dignidade afirmando que “pecar pelo silêncio, quando se deveria protestar, transforma homens em covardes”.
Vivemos momentos sensíveis e de profunda insegurança, não apenas na nossa política interna, mas também em muitas outras nações. Insegurança econômica, financeira, política, jurídica, que, unidas, transformaram o mundo em um barril de pólvora e que está exigindo de todas as sociedades mundiais medidas concretas para estancar os desmandos que estão transformando países livres em ditaduras. As atitudes de alguns poucos que se julgam supremos e poderosos, conduzem a administração, a economia, a política, para caminhos nunca dantes trilhados, em face de decisões irracionais, injustas, ilegais e exacerbadamente egóicas.
Concordo com Einstein, mas acrescentaria que a crise pode criar homens e mulheres corajosos, surpreendentes, que encontram meios de liberar sua criatividade e se transformam em verdadeiros bastiões da liberdade, da defesa dos direitos e valores da sociedade.
Sim, existem homens e mulheres que possuem coragem, são patriotas e dotados da consciência do dever cívico, apesar de muitos se submeterem às pressões da corrupção, do dinheiro fácil. Estes contribuem para o aprofundamento da crise e dificultam a sua superação, se curvando à tirania, muitas vezes camuflada de manutenção da Ordem.
Presenciamos atualmente o caos. Somos, em grande maioria, dominados pela ignorância da verdadeira intenção subjacente, vivendo cada qual sua
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vida particular sem nos preocuparmos com o que não conhecemos e não entendemos.
Se este é o caos, muitas vezes dominado pelo desconhecido, pelo inexplorado, a ordem, seu contraponto, é a hierarquia, a organização, o ambiente de domínio, que entendemos e conhecemos. E com base nessa aparente ordem, a tirania se propaga e se transforma em Totalitarismo.
Interessante constatar que o caos promove a insegurança e a necessidade de enfrentar o desafio, elementos que auxiliam as pessoas a subsistirem e se motivarem para a superação das contrariedades que a vida lhes apresenta. O inconformismo com a perda da liberdade, com as injustiças verificadas e muitas sofridas por si ou por próximos, pode ser a dose necessária para conduzir as pessoas a promover a ruptura que esses desafios exigem.
Sem uma dose do caos, a escuridão, a confusão, dificilmente a sociedade conseguirá despertar e restaurar a ordem então desequilibrada pela ação de poucos.
Da crise surgirá a estabilidade e o resgate de experiências positivas que superarão os presentes desafios, transformando e conduzindo a sociedade atual a outro patamar de evolução.
Sim, desta crise emergirá um novo tempo nunca dantes vivenciado na história dos povos. Só nos resta aguardar.