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Alerta: A medicina está sem lenço e sem documento – por Nabil Ghorayeb

Não gostaria de ter que abordar esse assunto, mas estamos frente à grave situação que vai sobrar para todos nós população. Criaram nos últimos anos dezenas de Faculdades de Medicina, são 494 (a segunda maior quantidade no mundo), muitas delas sem hospitais-escola próprios, mesmo em São Paulo. Atualmente, há uma defasagem significativa para cursar residência médica de aperfeiçoamento e especialização profissional, e pior só existem vagas de residência médica para cerca de 60% a 65% dos médicos recém-formados no Brasil, um desequilíbrio grave e crescente entre o número de graduados em Medicina e a oferta de vagas para residência médica.

A única maneira de saber se um médico é especialista numa determinada área médica oficial é pelo RQE à Registro de Qualificação de Especialista. Um documento oficial com número emitido pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) que comprova e traz a segurança de que o médico possui residência para especialização ou foi aprovado no concurso de pontos e provas, escrita e pratica (algumas especialidades) em determinada área da Medicina como Cardiologia, Pediatria, Medicina do Esporte, entre outras. As regras oficiais para publicidade ética são claras, só médicos com RQE podem divulgar publicamente que são especialistas, conforme as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Recentemente um grupo de médicos “ortodoxos” resolveram criar uma outra entidade com o nome de Ordem Médica B… com exame de suficiência para “título de especialista” com regras próprias, não podendo, porém registra-lo no CRM e sem respaldo da Associação Médica Brasileira (AMB) principal entidade representativa dos médicos no Brasil, com funções reconhecidas oficialmente desde 1951. Ela continua sendo a responsável pela concessão dos títulos de especialista em parceria com as sociedades de especialidade.

Por tudo isso, nós médicos formados há anos, que ainda conversam (fazem a anamnese) e examinam (fazem o exame físico) de seus pacientes, conhecem e tem o costume de perguntar como estão passando seus pacientes, aos poucos estão virando minoria. Evidente que um médico é falível, mas estar atualizado, ser humano e ético no atendimento de um paciente, demonstra a vocação para curar ou minorar o sofrimento alheio e não o lucro comercial, hoje tão em voga como prioridade. Vejam as mídias ensinando o doutor FATURAR com consultórios com maravilhosa decoração prescrevendo hormônios bioidenticos, implantes hormonais, programas de emagrecimento com canetas (do Paraguai?) todos vendidos na própria clínica.

Caso você tenha que ir a um Pronto Socorro, reze para não cair nas mãos de um recém-formado sem experiência, que depois de ler o Google, liga “pro chefe” para ter medicar. Nesse posto tem que ser MÉDICO MUITO EXPERIENTE!!!

@nabilghorayeb Cardiologia e Medicina do Esporte

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