Sigmund Freud (1856-1939), médico neurologista austríaco e fundador da psicanálise, dizia que, quando uma pessoa está apaixonada, ela se torna incrivelmente frágil. Isso acontece porque nosso aparelho psíquico, nossa mente, tende a concentrar os seus esforços, sua libido, sua energia, na pessoa que é alvo do nosso amor.
Mesmo sem perceber, nós nos tornamos muito dependentes daquela pessoa e ela passa a ocupar um lugar de grande destaque em nossas mentes.
Uma relação amorosa nos aproxima da ilusão de completude, isto é, Freud dizia que, quando uma pessoa está segura de ser amada, ela se torna incrivelmente forte.
Parece que nada nos falta ao lado da pessoa amada!
Nem a realidade dura inerente à própria vida se manifesta nesse contexto.
Mas, obviamente, isso não passa de ilusão!
Na verdade, somos seres com qualidades e defeitos e sempre estamos buscando uma satisfação que nunca alcançamos.
Enfim, em algum momento, todos nós poderemos ter um coração partido, no caso, restando somente o enfrentamento.
O fato é que os relacionamentos amorosos podem acabar!
O sentimento de amor idealizado é nobre, mas, se excessivo, é como veneno. Mata quem ama e quem é amado!
Ao amarmos demais, sofremos mais com o exagero do que com a ausência da pessoa amada.
Sem dúvida, o amor patológico causa sofrimento, angústia e desespero para o doente e para o objeto de desejo.
Esse amor doentio ocorre quando o indivíduo presta cuidados de forma excessiva ao parceiro ou parceira, de forma a deixar de lado interesses e amigos, como também, familiares anteriormente valorizados.
Como os dependentes químicos, os “viciados” em amor são obcecados o que causa mais sofrimento do que prazer.
Esse comportamento de obsessão pelo outro traz dor, pois foge do que seria considerado possível ou habitual.
O cotidiano por meio da febre do amor enfermo se torna intranquilo, pois esses indivíduos estão sempre preocupados com a pessoa que é o objeto de amor.
A sensação de posse para essas pessoas é mais forte do que o próprio ciúme.
O desejo de uma forma muito intensa e absorvente impossibilita a convivência.
Nós idealizamos a pessoa amada e vivemos com a expectativa de nunca alcançarmos essa idealização.
Quando somos deixados pelo objeto amoroso, temos a sensação de que o mundo vai acabar.
Freud dizia que nunca nos achamos tão indefesos e infelizes em relação ao sofrimento como quando perdemos o nosso objeto amado ou o seu amor.
Quando amamos o nosso esforço é psíquico, libidinal e energético acima de tudo!
Enfim, o objeto idealizado não existe e, portanto, criar expectativas, traz infelicidade, estresse e tensão.
Ao idealizarmos a pessoa amada, buscamos a perfeição que nunca existiu e nunca existirá no objeto amoroso.
Se aceitarmos o que o outro tem a oferecer para nós no relacionamento, o processo se torna menos aflitivo.
As pessoas que se aproximam para amar são bem diferentes, pois o outro é um ser humano dessemelhante. E essa condição humana cria um oceano de diferenças.
Até que ponto o convívio próximo é saudável para manter a harmonia num relacionamento?
Qual é a distância necessária entre duas pessoas para a constância de um relacionamento mais saudável?
A famosa expressão “dor de cotovelo” pode transformar pessoas sensatas em desesperadas por não encontrarem saída para enfrentar o sofrimento de uma possível perda na relação.
Ao se estar focado no parceiro ou na parceira de forma patológica, a qualidade de vida decai, como também, a qualidade de vida profissional.
Pessoas obcecadas no amor têm necessidades emocionais que não foram satisfeitas ao longo da vida.
São pessoas sem autoestima que não acreditam que mereçam ser felizes.
E o que fazer quando o amor se transforma em dor?
Freud disse que quanto maior o amor, maior a possibilidade de sentir dor.
Enfim, a grande causa da dor no amor é querer ter posse do que nunca terá!
“Quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não.”
Vinicius de Moraes (1913-1980), poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor brasileiro.