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Boreout: O irmão adotivo do burnout – por Nelio Tombini


Vocês já leram e ouviram muito sobre “burnout” que seria literalmente “queimar até o fim”. Este termo foi cunhado pelos dependentes de heroína nos EUA. Por que foi usado nas relações de trabalho? Aqui que vejo um perigo, já que este diagnóstico refletiria o desgaste, estresse, abatimento, depressão decorrente de um trabalho excessivo e desgastante.

Agora temos visto o surgimento do “boreout”, que significa monotonia, falta de desafios, estar entediado no trabalho. Sabemos que temos locais onde os colaboradores não são tratados com dignidade ou recebem salários que não são suficientes para a pessoa se manter no dia a dia.

Minha reflexão foca-se neste ponto, o quanto o trabalho adoeceria os funcionários, ou o quanto os funcionários chegam fragilizados emocionalmente ao trabalho. Não podemos esquecer que as pessoas carregam seus traumas infantis, frustrações, perdas, famílias adoentadas, dificuldades financeiras etc. Se carrego sofrimentos psíquicos isso vai se refletir em todas minhas relações, sociais, laborais e familiares. Se a saúde mental do indivíduo está comprometida, ela pode afetar seu trabalho e também ter o risco de piorar neste ambiente. Trabalhar poderá ser sinônimo de sofrimento mental?

Eu como psiquiatra teria muita dificuldade de emitir um laudo que oferecesse este diagnóstico, pois só teria o relato do próprio funcionário, ou seja, algo subjetivo. Não temos exames objetivos para nos ajudar na psiquiatria.

Nelio Tombini
Psiquiatra, psicoterapeuta, consultor em gestão emocional institucional, escritor, palestrante.

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