A Andima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) fez uma revelação que a gente já notava, mas apenas com a percepção. Agora, essa pesquisa apurou que cerca de 10% da população brasileira de jovens de 16 anos ou mais já fizeram apostas por meio das dezenas de bets (apostas esportivas) no ano passado. E desse total, a mesma pesquisa que contou com o suporte do Datafolha, mais de 5 milhões são fregueses contumazes nessas fezinhas (ou palpites); os demais frequentam uma gangorra, ora apostando mais, ora fazendo suas pausas estratégicas.
Essa pesquisa que se chama “Raio X do Investidor” mostra o outro lado e revela que 63% da população não investe em ações na bolsa de valores. Um adendo elucidativo: investir na bolsa, de certo modo, também é uma aposta, mas tem significado mais consistente. As empresas e corporações que operam com ações na bolsa têm seus planos de ação definidos.
Compra de ações de empresas quer dizer que o investidor está colocando seus recursos para gerar novos negócios, na ampliação de parques fabris, no estímulo de novos empregos e criar uma massa crítica de crescimento nacional. Só assim poderemos figurar nas escalas mundiais de prosperidade. Mas aqui não é assim.Se somarmos as bets, que são cada vez em maior número, ainda temos outras modalidades de jogatina como loterias com as mais variadas nomenclaturas e com o consentimento do Governo.
Há também um outro cardápio variado de formas de apostas paralelas, mas não menos procuradas. Briga de galo, jogo do bicho, carteado e roleta estão entre elas. Não resta dúvida que o Brasil é um grande cassino – só falta adicionar uma S/A ( Sociedade Anonima) para fecharmos com ares de total legalidade a gestão desse fantástico mundo do dinheiro fácil para alguns e mundo de negócios para outros, principalmente seus organizadores.
O “Rádio X do Investidor” foi mais a fundo e para quem deseja conhecer melhor, eis a adesão dos brasileiros quando se fala em investimentos em produtos financeiros: Investimento em Poupança – 25%; Títulos Privado – 5%; Fundos de Investimentos – 4%; Compra e venda de imóveis – 4%; Moedas digitais – 4%; Ações – 2%; Plano de Previdência privada – 2%; Tesouro Direto – 2%; Moedas estrangeiras – 1%; e Ouro – 1%. Por essa amostragem infere-se que a maior parcela de investidores, entre aspas, prefere fazer dinheiro rápido e ao mesmo tempo, talvez, se divertir com o jogo. Essa forma de raciocínio carece de uma dose de civilidade e confiança no futuro do país. Dinheiro não cai do céu; jogo é jogo, como o próprio nome diz.
Se ainda somos medíocres em termos de saber investir, que tal se ao invés de estudar e analisar partidas de futebol com base em comentaristas, ou sonhar com o número a ser sorteado pela próxima megasena passarmos a ampliar conhecimentos sobre o mundo das finanças? Não é tão importante ter dotes especiais ou expertises nessa área – basta vontade. Sempre é tempo de fugir de cassinos e enxergar um Brasil robusto e farto para as futuras gerações. Note bem, esse país não se encontra no pano verde, nem nos campos de futebol e muito menos nas filipetas de palpites de jogos. Pode apostar nisso!