Definitivamente, violência não combina com desenvolvimento econômico e, muito menos, com o progresso que desejamos para o nosso País. Especialmente na sua área central, a cidade de São Paulo tem sido atormentada por problemas causados pela crescente violência causada pelo tráfico de drogas e pelos saques na região conhecida como Cracolândia, que tem se espalhado por outras regiões do centro, nos últimos meses.
Pequenos e médios empreendedores, especialmente os comerciantes da zona central, estão sendo os mais atingidos e impactados pelos prejuízos causados pela violência que, além dos saques e destruição, afasta os clientes e leva ao fechamento das empresas. Trata-se, portanto, de um problema que atinge a todos nós e, como presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), entendo como fundamental a colaboração da nossa entidade para reduzir o impacto da violência nas empresas da região.
A ACSP trabalha em parceria com o poder público e defende iniciativas e medidas que garantam mais segurança, aumento da circulação de pessoas na região e, principalmente, a volta do consumidor habituado a ver no centro o lugar certo para fazer suas compras. Durante décadas, o Centro de São Paulo abrigou as grandes lojas, as mais importantes e prestigiadas da cidade. Ir às compras no centro era um evento importante para as famílias paulistanas. Tudo mudou com a transferência das empresas para outras regiões da cidade, mas ainda é possível resgatar o que o centro tem de melhor, seus prédios históricos, sua excelente infraestrutura e um comércio ainda dinâmico e diversificado.
É exatamente com esse objetivo em mente que a ACSP vem apoiando uma série de iniciativas. Entre elas, a implantação de câmeras de monitoramento, iluminação mais eficiente e maior efetivo policial, além de atendimento à população em situação de rua. A ideia é reduzir a sensação de insegurança dos moradores e comerciantes.
No conhecido Triângulo Histórico, a ACSP, em parceria com a Prefeitura, tem promovido iniciativas para atrair mais visitantes, consumidores para o comércio e atrações locais. Em breve será inaugurado um shopping a céu aberto com toda a infraestrutura necessária. Por meio do Conselho de Política Urbana (CPU), da ACSP, acompanhamos os projetos de reforma e revitalização dos prédios do centro para criar um maior adensamento, trazendo mais moradores e propiciando mais movimento e vida para a região.
Mas nos preocupa também a questão humanitária, tão importante numa região em que inúmeros moradores em situação de rua necessitam de atendimento. Para isso, a ACSP, em parceria com a Prefeitura, criou o centro de convivência Rodrigo Silva, próximo à Praça João Mendes, que oferece um ambiente adequado com alimentação e instalações para higiene pessoal.
Todas essas iniciativas nos fazem acreditar que, com o empenho de todos, o Centro de São Paulo ressurgirá e, a exemplo das principais metrópoles mundiais, será uma referência para o comércio e serviços. Temos também que recuperar e valorizar seus pontos turísticos que contam a história de uma das maiores cidades do planeta. Temos muito trabalho pela frente. É um projeto que, com certeza, mudará a situação da nossa cidade. O paulistano tem demonstrado sua força e seu valor, contribuindo para o progresso e o crescimento de São Paulo, sempre mostrando resiliência nos momentos mais críticos. Não é agora que recuaremos.
Roberto Mateus Ordine é presidente da Associação Comercial de São Paulo