Nós temos observado acontecer de forma mais frequente e violenta os fenômenos climáticos extremos pelo Brasil afora e pelo Planeta adentro.
São milhares de acontecimentos trágicos que se repetem e prejudicam a vida das pessoas, a produção econômica, o funcionamento das cidades e do campo.
As perdas de vidas se multiplicam tragicamente e os prejuízos econômicos e sociais são incalculáveis.
Todos os dias temos chuvas cruéis nos mais variados pontos do país com enchentes dramáticas, tanto nas grandes, como nas pequenas cidades.
A última agora, foi o Rio Acre que subiu 14 metros e colocou 17 municípios daquele estado em emergência pela cheia.
Já não conseguimos contar a sequência de fenômenos climáticos extremos que se repetem.
Quem não se lembra do filete de água que se transformou o imenso Rio Negro há pouco tempo, por causa da longa e severa estiagem por lá.
A todo momento temos o impacto na produção agrícola de alimentos, seja pelas cheias, seja pelas secas.
Vejo algumas pessoas falarem que esses fatos nada têm a ver com as mudanças climáticas do aquecimento global. Vejo outras, mais religiosas, dizendo que isso é um castigo de Deus pelo comportamento hedonista e descrente, cada vez maior da humanidade.
O fato é que divino ou humano o “castigo” tem sido severo.
Há décadas temos recebido avisos e alertas dos cientistas e ambientalistas, entre os quais me incluo, que a queima do combustível fóssil para a produção da energia que o mundo consome, produz os chamados gases de efeito estufa (CO2, CO, metano e outros).
E que esses gases estavam produzindo a elevação da temperatura média do Planeta, promovendo, assim, as mudanças climáticas.
Embora muitas declarações e acordos da ONU, dos governos, das empresas e das ONGs tenham surgido, e muitas descobertas técnico-cientificas tenham acontecido, a velocidade dessas intenções/medidas/condutas tem sido muito menor que a apressada e repetida mudança do clima e seus fenômenos extremos devastadores.
Nestes últimos anos, a emissão de CO2 aumentou no Planeta, desobedecendo todas as recomendações e acordos mundiais.
Portanto, vivemos uma encruzilhada que está sendo fatídica e paradoxal para a sobrevivência da humanidade.
Por um lado, a existência de um quase consenso do avanço do aquecimento global com suas alterações climáticas provocadas pela queima de combustível fóssil na produção de energia, e a necessidade urgente da utilização de novas fontes de energias renováveis e limpas, que diminuam drasticamente a emissão de gases de efeito estufa.
Por outro lado, a “indiferença” de grande parte da humanidade em buscar alternativas sustentáveis na produção, no consumo e no descarte de bens de consumo e investimentos maciços na descoberta de novos caminhos de desenvolvimento econômico que sejam sustentáveis e socialmente justos.
Enquanto os humanos se debatem nesta contradição existencial, vamos sofrendo os “castigos” cada vez mais severos que a “Mãe Natureza” nos impõe.
Sabe-se lá até quando.
Gilberto Natalini – Médico e Ambientalista