5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.
Não resisto a fazer duas considerações. A primeira é que, em pleno século XXI, quando a ciência já definiu a mudança climática como detonadora de catástrofes mundiais, alguns congressistas brasileiros estejam tentando aprovar a PEC 3, que visa abolir a chamada área de Marinha para tornar as praias do país disponíveis a construtores desavisados. (Desavisados, digo eu, por ignorarem que suas construções serão as primeiras a serem engolidas pelo aumento das águas marinhas, graças ao descongelamento dos polos terrestres). Às vezes, tenho vontade de rir dessa gente ávida por dinheiro, mas aí me lembro das gerações futuras que terão que enfrentar catástrofes e meu riso vira pranto: a área de Marinha é o único recurso que poderá aliviar – digo, apenas aliviar – a desgraça das águas aumentadas. Suas excelências não sabem disso?
Sabem, sim, que observadores sérios dão como certo o desastre no Planeta, mas “deixa pra lá, esse povo fala demais, desastre coisa alguma, vamos é para o progresso, avante camaradas, mais grana sempre é bom”, dizem eles. E toca a fazer asneiras, que mandam no Brasil, eles acham.
A segunda consideração é que uma grande camada da população se mexeu nas redes sociais, articulistas de jornal e TV passaram a falar na PEC 3 todos os dias – nós, aqui, já tínhamos escrito sobre o assunto logo que nos apercebemos dele (vide “As praias nossas de cada dia podem não ser mais nossas”). Enquanto a galera protesta diariamente, bravamente, nossos ilustres e sensatos congressistas (risos) já estão se mexendo para “aliviar” a PEC-Desastre. Uma correçãozinha aqui, outra ali, “vão-se os anéis, mas ficam os dedos”, eles pensam, o importante é aprovar a coisa medonha. Essa gente não aprende!
O que o país tem a comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente? A desgovernança de políticos que não acreditam na ciência? O horror acontecido no Rio Grande do Sul, que poderia não ser do tamanho que foi se bombas elétricas estivessem funcionando, se comportas tivessem sido mantidas em ordem? O envenenamento de rios por mercúrio, consequentemente a morte de populações? O desaparecimento de espécies nativas necessárias ao equilíbrio do ambiente? É isso que temos a comemorar?
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, choremos, portanto, por este Planeta Terra e principalmente por este país, cujos habitantes e políticos fazem de tudo para colaborar com a desgraça que virá.
Vamos, senhores, avante! Incendeiem o cerrado! Desmatem as florestas! Procurem ouro na Amazônia! Prejudiquem os povos originários! Poluam rios e mares! Construam até não conseguirem mais tecnologia para maior número de andares! Joguem lixo nas ruas e criem novos e horrorosos “lixões”! Riam da necessidade de separar e reciclar lixo! Encham os céus de drones aspergindo venenos perigosos! E acabem logo com as áreas de Marinha!
As gerações futuras agradecem.