É sabido que os esportes, principalmente o futebol, provocam os mais diferentes sentimentos nas pessoas, tanto para as que se decepcionam porque não conseguem seus desejos realizados devido à derrota, como para as que deliram de alegria pela vitória.
A Copa do Brasil terminou no início desta semana, no Estádio do Morumbi lotado, com mais de 70 mil pessoas. Mais uma vez o que se observou, como tem ocorrido ultimamente, antes dos jogos há queima de fogos de artifício.
Essas manifestações festivas podem provocar avaria temporária no sistema auditivo e o festival de cores geram fumaças coloridas lançadas no ar, ao lado do campo .
As cenas exibidas pelos veículos de comunicação, especialmente as emissoras de TV oferecem um espetáculo quase que inesquecível, mas com consequências nem sempre abonadoras.
Vejam, só: os jogadores são atletas preparados, em condições físicas para suportar a pressão dos torcedores e dos embates com os oponentes na disputa pela bola. Eles são obrigados a respirar aquele ar.
Os torcedores também, mas naqueles momentos que antecedem a um jogo do porte de
domingo passado, a euforia é tanta que sequer percebem a qualidade do ar que estão respirando.
As tomadas das câmeras de TV mostram crianças, homens e mulheres e até os jogadores esfregando os olhos ou mesmo tossindo. Por que seria? Resposta rápida: alergia por causa da fumaça.
Os pulmões não foram feitos para respirar ar misturado com produtos químicos. Os olhos deixam de enxergar bem num ambiente assim e lacrimejam. Ambos os órgãos (pulmões e olhos) reagem revelando desconforto.
Positivamente, as cores e os foguetórios podem animar festas, compor o show, menos no local onde nos minutos seguintes os times estarão se enfrentado. É interessante notar que muitos dirigentes esportivos com poder de influência observam essa situação, mas nada fazem.
É quase certo que fisiologistas, treinadores e médicos ligados aos esportes até já pensaram nesse assunto voltado para essa questão de saúde, mas o silencio prevalece.
Até hoje não foi realizada nenhuma pesquisa para saber os efeitos danosos desse fumacê ardiloso.
O que esses profissionais já fizeram ( e fazem) é pesquisas visando analisar batimentos cardíacos e tomada de pressão arterial de torcedores.
Inclusive essas pesquisas já revelaram casos de mortes em estádios mundo afora devido à carga emocional a que os torcedores se submetem durante as partidas, mas nunca se preocuparam com a questão da poluição do ar. Alguém pode concluir que a fumaça, mesmo sendo nefasta é passageira porque antes da partida começar tudo volta à normalidade.
Ledo engano! Em tempos de verão, sem vento e porque os estádios modernos são arquitetonicamente construídos de maneira que se parecem a “caldeirões”, ou “conchas” , o que reduz em muito a dissipação da fumaça e até de ar saturado.
Então, aquela massa emocionada sequer percebe os riscos que pode estar correndo ao inalar a fumaça colorida ou mesmo ter suas visões prejudicadas por algum tempo. O importante é o jogo, o embate nas quatro linhas e entoação dos eventuais “gritos de guerra”.
Os apaixonados tremulam bandeirolas, gritam e pulam deixando a sensação de que estão ali para torcer para seus times e ao mesmo tempo afogar magoas, espantar medos e fazer extravasar sentimentos dissimulados.
Antes de levantar esse tema para o comentário semanal para este veículo indaguei um prestigiado médico especialista em medicina esportiva sobre essa colocação.
Fiquei sem resposta taxativa, mas ele fez sua consideração dizendo que é inegável que essa fumaça química não é aliada do esporte, sobretudo os de alto rendimento. Pensando bem, penso que ela é aliada dos laboratórios que produzem colírios e expectorantes.