O Brasil do futuro não é uma fantasia distante, escondida atrás de discursos motivacionais ou promessas políticas. Ele está sendo construído agora, no silêncio das decisões diárias, no avanço da tecnologia, na reconfiguração econômica global e na consciência crescente de que este país só libera seu verdadeiro potencial quando para de sobreviver e começa a planejar. E esse é, talvez, nosso maior desafio, trocar improviso por estratégia.
O Brasil que sonhamos: diverso, competitivo, inovador e socialmente forte, depende de um conjunto de melhorias urgentes e estruturais. A primeira delas é óbvia, mas sempre deixada para depois, educação de qualidade. Não existe futuro sustentável sem um sistema que forme cidadãos capazes de pensar, criar, inovar e competir no mundo real.
O Brasil precisa transformar a escola em uma fábrica de oportunidades, e não em um depósito de alunos. Precisamos de professores valorizados, currículos atualizados e ensino técnico robusto, que conecte jovens ao mercado de trabalho real. A economia do futuro é digital, analítica e criativa. E sem profissionais preparados, ficamos de fora do contexto evolutivo das economias mundiais.
Outro ponto crítico é a infraestrutura. O país perde bilhões todos os anos com logística ineficiente, estradas precárias, portos lentos e burocracia sufocante. Se quisermos realmente competir globalmente, precisamos destravar investimentos, incentivar parcerias público-privadas e criar ambientes regulatórios que sejam capazes de atrair capital. Um Brasil mais conectado, mais rápido e mais integrado é um Brasil mais produtivo.
A reforma tributária, finalmente em andamento, é um passo na direção certa, mas ainda está longe do ideal. O futuro exige um sistema simples, transparente e coerente. Empresário que entende exatamente quanto paga, por quê, e para onde vai o dinheiro, investe mais, cresce mais, contrata mais. Estado eficiente não é o que taxa demais, é o que entrega mais valor com menos desperdício.
E falando em desperdício, o Brasil precisa enfrentar de vez o custo da burocracia. A máquina pública ainda opera como se estivéssemos em 1980. Processos lentos, sistemas não integrados, leis conflitantes e autorizações intermináveis atrasam projetos, desestimulam investidores e empurram empresas para a informalidade. O Brasil do futuro é digital, ágil, automatizado e transparente.
Outro ponto decisivo é a segurança jurídica. Nenhum país cresce quando regras mudam o tempo todo, contratos são contestados a cada mudança de governo e a previsibilidade depende mais da sorte do que da lei. Investidor não gosta só de lucro, ele ama previsibilidade. E o Brasil precisa oferecer isso.
Mas não é só o Estado que precisa evoluir. A sociedade brasileira também terá que amadurecer para sustentar o país do futuro. Precisamos de menos polarização e mais racionalidade. Menos “nós contra eles” e mais “como resolvemos?”. País nenhum prospera brigando consigo mesmo. O brasileiro precisa redescobrir a capacidade de colaborar, debater e construir junto.
Competitividade global não combina com guerra interna.
Agora, olhando para frente, a expectativa econômica do Brasil é promissora, mas depende do quanto conseguiremos aproveitar as oportunidades. Somos uma potência agroambiental reconhecida mundialmente, temos uma matriz energética invejável, temos tecnologia avançada no agronegócio, fintechs de padrão global, um ecossistema de inovação em ascensão e uma juventude empreendedora como raramente se viu. O mundo inteiro está faminto por soluções sustentáveis, energia limpa, alimentos, tecnologia e impacto social, tudo que o Brasil tem potencial para entregar em escala.
Se o país continuar avançando em reformas, consolidando um ambiente de negócios mais estável, fortalecendo parcerias internacionais e ampliando investimentos em tecnologia, começa a nascer um novo ciclo econômico. Um ciclo baseado em produtividade, digitalização e inserção global, e não apenas em commodities.
Esse novo Brasil será um país que aproveita sua biodiversidade para liderar a bioeconomia, que transforma inteligência artificial e ciência em produtividade, que usa educação para criar inclusão real e que coloca inovação no centro da estratégia nacional. Um Brasil onde empreender não é um ato de coragem, mas um caminho natural. Onde crescer não é exceção, é consequência.
Precisamos de um país menos dependente de política, atuar para erradicar as raízes da corrupção que sangram o país numa proporção vergonhosa, retomar nossa confiança nos brasileiros e nos propósitos baseados na ética.
Não podemos aceitar que influenciadores sem escolaridade mínima definam ou opinem em condutas de nossa sociedade, tornando este movimento uma fazenda de transformação de verdade em mentira e mentira em verdade, com estes 3.8 milhões de criadores de conteúdo, embora movimentem 20 bilhões por ano que não geram transformações evolutivas sociais, apenas aumentam o vicio da ostentação e criam dubles de ricos.
Não podemos aceitar um povo que na era digital ainda executa saques em caminhões tombados em estradas, nos colocando numa posição medieval numa era da inteligência artificial.
Temos de nos tornar outra vez um Povo e não continuar a sermos um público diante de tantos e tantos desmandos sociais e políticos que assolam nosso sistema de Pátria Amada.
O Brasil do futuro não é utopia. Ele está no horizonte, esperando que finalmente façamos o que sempre protelamos: organizar, simplificar, modernizar, ter civismo e acreditar. Esse país não nasceu para ser médio. Ele nasceu para ser gigante, e está na hora de se comportar como tal.
Cesar Romão
Palestrante, Escritor e Jornalista
Publicado na Revista Economy & Law – 49ª Edição










