A madrugada do último dia 31 de março foi cenário, que se chamaria de brutal acidente de carro e que culminou com a morte de Ornaldo da Silva Viana, um motorista de aplicativo. O país ficou chocado. Um carro esportivo de luxo, pilotado em alta velocidade pelas ruas da Zona Leste de São Paulo, abalroou, por traz, o carro de aplicativo que transitava dentro dos padrões de velocidade recomendados, deixando um rastro de faíscas flamejantes, estouros gerados pelo impacto e sangue no asfalto.
Ao volante do carro de luxo estava Fernando Sastre Andrade Filho, de 24 anos, que regressava de encontros sociais juntamente com sua namorada e mais um casal de amigos. Diante naquele espetáculo de horror, ainda no local, começaram as trapalhadas. Os primeiros policiais militares que chegaram ao local ( estão sob investigação pela própria corporação), liberaram o jovem Sastre que não foi submetido a nenhum teste de bafômetro. A pedido de sua mãe, o jovem piloto, foi liberado para ser encaminhado a um hospital – o que não ocorreu.
O amigo de Sastre, seriamente ferido foi conduzido ao hospital. Desde a fatídica madrugada, dadas as circunstâncias, o tema de transformou em assunto jurídico de um lado e pauta jornalística do outro. As investigações e depoimentos colhidos pela polícia civil, o jovem piloto do carro esportivo, pertencente a classe social abastada, encontrava-se, na ocasião da batida, alcoolizado.
Até comandas de bar por onde passou juntamente com sua namorada e amigos constam consumo de bebidas alcoólicas. Mais ainda: uma filmagem por celular feita por uma amiga que fazia parte do grupo mostra o Sastre Filho sem coordenação verbal. Mesmo antes dessa nova prova, naquela mesma madrugada, o delegado que atendeu o caso solicitou sua detenção. Não foi atendido pela Justiça, nem desta e nem em outra oportunidade. Só mais tarde diante de novas provas e quase que atendendo ao clamor popular, sua prisão foi decretada e hoje se encontra no presídio de Tremembé. Agora há uma contenda jurídica está longe do seu final.
De um lado os advogados de defesa, contratados pela família de Sastre apresentam seus argumentos e recursos defendendo o jovem, quase o transformando numa verdadeira vítima. Só que já foi levantado o prontuário dele. Até recentemente estava com sua CNH suspensa por desrespeito às leis de trânsito. A Justiça caminha obedecendo o seu ritual canônico. A voz e a manifestação do povo, no entanto, são movidas por sentimentos – às vezes falha, mas no caso, não aparenta ser simples emoção.
Independentemente do futuro de Sastre Filho, se ficará ou não cumprindo pena por lesão corporal gravíssima e homicídio doloso qualificado, sua exposição na mídia e pressão social já o condenaram moralmente. Essa condenação popular deixará “cicatrizes” e estigmas perenes. Passe o tempo que passar, essas marcas o acompanharão para sempre.