Esta semana, Trump se recusou a participar de um debate com Kamala Harris, contrariando sua posição anterior. Afirmara que preferia debater com ela, achando que seria mais fácil vencê-la. A avaliação política para essa mudança de posição é compreensível. Trump é mais conhecido que a possível candidata indicada pelos democratas.
Se participasse de um confronto com ela, estaria dando, desnecessariamente, um palanque para que sua competidora pudesse se projetar. Mesmo sem participar de um evento como esse, já tem recebido muita atenção da mídia. Enfrentando o ex-presidente, ela teria mais chances de se destacar para os americanos.
Risco de prejuízo
Dessa forma, independentemente de um ou outro se sair melhor em uma disputa antecipada, o risco de prejuízo maior seria o dele. Sua justificativa para a recusa foi plausível. Ao dizer que não, já aproveitou para fustigar sua adversária. Atacou argumentando que Kamala é uma fraude marxista e que só debaterá com ela depois que for nomeada oficialmente pelos democratas.
Ou seja, mesmo sem debate, a batalha eleitoral já está em pleno andamento. Com Biden fora da disputa, os republicanos precisarão ajustar seus argumentos. Analisemos quais posições Trump deve adotar para tentar vencer esse pleito.
Ideologia
Esse rótulo de extrema-esquerda, com certeza, será um dos argumentos em que Trump mais insistirá. Ainda que boa parte da população norte-americana tenha essa tendência progressista, o rótulo de extremista poderá fazer com que os eleitores ponderem melhor a respeito dessa questão.
Trump mostrará sua oposição às ideias de Kamala Harris com relação ao aborto. Afirmará que a vida da criança deve ser preservada desde os primeiros momentos da concepção. Mostrará que a política de adoções e proteção às mães em condição de vulnerabilidade deve ser priorizada.
O clima
Outro aspecto importante para os progressistas é a questão climática. Em seu discurso, como tem se manifestado, o republicano dirá que reconhece a importância da preservação ambiental, mas que as soluções não devem comprometer o desenvolvimento econômico. Para isso, os esforços se apoiarão no aproveitamento tecnológico e nas ações sustentáveis utilizadas pelo setor privado.
A democracia é um tema recorrente. Cada lado tenta mostrar que as causas que defendem são sempre para o bem-estar da população. Trump continuará com a linha conservadora, que apoia o sistema eleitoral, desde que possam ser apuradas as alegações de irregularidade, pois só assim os pleitos serão confiáveis.
A economia
A questão econômica nunca fica de fora de uma corrida eleitoral. Embora a gestão de Biden tenha tido algum sucesso, Trump terá como defender uma posição contrária. Defenderá vigorosamente a redução da carga tributária e a diminuição da dependência dos subsídios do governo. Todos devem produzir e receber pelo fruto de seu trabalho.
No debate que fez com Biden, do início ao final, Trump enfatizou a questão imigratória. Essa é uma das suas principais bandeiras. Não é contra os imigrantes, desde que sejam legais. A busca de um equilíbrio entre o respeito à lei e a presença dos estrangeiros será a solução.
Conflito entre Israel e Hamas
Os Estados Unidos não se omitiram, mas foram hesitantes com sua participação no combate ao conflito entre Israel e o Hamas. Apoiará os israelenses, pois foram atacados de forma covarde. Não deixará, entretanto, de enfatizar que as soluções diplomáticas serão o único caminho. Só assim, poderão aspirar a uma paz duradoura na região.
Novos temas podem surgir nos debates que virão, mas, em geral, os argumentos devem seguir essa linha. Vamos acompanhar.
Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação e professor de Oratória nos cursos de pós-graduação em Marketing Político, Gestão de Marketing e Comunicação, Gestão Corporativa e MBA em Gestão de Marketing e Comunicação na ECA-USP. Escreveu 35 livros, com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos em 39 países. Siga no Instagram: @polito pelo facebook.com/reinaldopolito pergunte no https://reinaldopolito.com.br/home/