Quem nunca estranhou as decisões contraditórias do STF (Supremo Tribunal Federal) que fale agora ou cale-se até o próximo julgamento. Ok, meu diretor. Talvez eu comente outros assuntos que não estejam relacionados à minha praia – o futebol. Escuto a sugestão do colega Fausto Camunha e digo que topo. Quero abordar temas que me incomodam no cotidiano surreal deste bagunçado país, mas logo recuo.
Afinal, meu caro, vou te confessar que… Ou melhor, penso comigo: um leigo como eu não pode se oferecer ao azar ou colocar a cabeça na guilhotina dos tribunais que prendem ou soltam. Depende. Cuidado. Não me digam que não avisei. Corrijo: mostrem coragem. Não recuem. Enfrentem.
Se fosse para chutar o pau da barraca, logo de cara eu focalizaria no artigo de hoje as polêmicas que colocam o STF na boca do povo. Infelizmente, de uma forma negativa. Uma ala da imprensa mais independente não deixa barato. Ataca, denuncia e não perdoa os escorregões e as caneladas atribuídas aos ministros da Corte.
Um editorial do Estadão mandou no título que o “STF Insulta os Brasileiros”. A Folha entende que Dias Toffoli protege a corrupção. Usou a palavra “premia”. O que, convenhamos, não muda o contexto. O colunista Hélio Schwartsman sugere que deveriam entregar o “Prêmio Stálin” a Toffoli. Acho que seria um exagero, mas não vou me intrometer. Como falei no primeiro parágrafo, fico na minha relaxante zona de conforto. Não quero botar mais lenha na fogueira do circo alheio. Não irei opinar de jeito nenhum. Me compreendam.
Talvez eu não deva revelar o (s) motivo (s) de tanta bronca em cima de Toffoli. Mas, como já saiu na imprensa, me arrisco a citar, mesmo que superficialmente, a viagem do excelentíssimo ao exterior. Nada seria tão polêmico se o ilustre (notem que não usei entre aspas) não tivesse gasto uma fortuna do dinheiro público, inclusive para bancar seguranças. Tudo para evitar ameaças de agressões e algo mais, como já aconteceu ao ministro Alexandre de Moraes e respectivos familiares (digo, filho) no aeroporto dos Estados Unidos. Ora bolas: que bom seria se as nossas digníssimas autoridades fossem paradas nas ruas para conceder autógrafos e celebrar abraços de anônimos atualmente desiludidos pelo que vê no STF. O nível de rejeição é um fenômeno intrigante. Paciência.
O que mais pegou a mídia vigilante de surpresa é que o ministro, na base das canetadas individuais, suspendeu multas bilionárias contabilizadas nos cofres da J&F e da antiga Odebrecht. Acreditem: a advogada que atuou no caso é mulher de Toffoli. Nem preciso lembrar que as duas empresas haviam sido punidas no contexto da Lava Jato. Há quem interprete que, ao atropelar a ética e ignorar a sabedoria jurídica, o senhor das leis mal-aplicadas poderia chamar para si o fantasma do impeachment. Eu nem ressuscitar o vacilo do ex-ministro Marco Aurélio Mello, que mandou soltar provisoriamente da cadeia o traficante André do Rap. O chefe do PCC em São Paulo sumiu do mapa sem deixar pistas. Seria irrelevante tocar isso. Então, me calo. Uso meu direito ao silêncio.