Política significa a “arte” de administrar as coisas comuns, e se tornou cada vez mais necessária quanto maior se tornaram os aglomerados humanos.
Como quase tudo (energia e materiais) requer contrapartidas, foram criados “impostos”, uma contribuição de cada associado, para realizar essa administração.
E com a presunção de que toda a arrecadação seria utilizada para o bem comum, cobrando-se mais de quem mais tem, em benefício dos que menos têm.
Há o (justo) desejo de que todos os associados sejam felizes e compartilhando seus bens com os demais.
Mas a diversidade de circunstâncias de origem e do meio, favoráveis e desfavoráveis, criam diferenças e discrepâncias no espaço e no tempo.
A evolução humana, seja qual for o grau de bens colocados à disposição, requer que a repartição desses bens seja diretamente proporcional ao esforço de cada um, em benefício próprio e solidariamente com os demais.
E o requerido esforço deve ser efetivado pelo máximo que cada um pode dar.
Esses conceitos evocam Valores, princípios supralegais que devem orientar as metas e atitudes das pessoas, construídos culturalmente, como a liberdade, a empatia, a honestidade e o respeito, por exemplo.
E eis o ponto principal desta modesta dissertação: o que deve estimular, atrair e unir os homens (e mulheres) entre si, são esses Valores (universais).
Ou seja, nossos melhores amigos e modelos devem ser os que comungam e praticam os mesmos Valores.
Isso exclui o culto às personalidades; cada ser humano motivado pelos mesmos Valores, deve ser uma flecha voando em paralelo com outras, no mesmo sentido.
O único ser em que se deve confiar, amar e venerar plenamente, é Deus.
Diante disso, essas polarizações cada vez mais esdrúxulas e enganosas que permeiam nossa vida social, tentando obrigar a classificação de todos em gente da “direita” e da “esquerda”, por exemplo, ou pior ainda, em “bolsonaristas” e “lulistas”, não levam à evolução humana – pelo contrário.
Nossos parceiros de jornada, de lutas e de conquistas, devem ser todos os que compartilharem os mesmos Valores em que acreditamos.
Existe a esperança de que a “civilização”, antes de que seja dizimada pelas guerras e pelo desamor generalizado, entenda e adote esse modo de vida.
Para isso vêm os conceitos do psicólogo americano Abraham Maslow, desde meados do século passado.
Há condições necessárias para que cada ser humano possa entrar nessa corrente.
Segundo ele, todos nós somos envolvidos por várias necessidades, mas existe uma pirâmide, com base e topo, e somente é possível alcançar os níveis superiores se já tivermos superado as dificuldades dos primeiros.
Ou seja, para que possamos integrar o rol dos que podem e devem construir uma sociedade melhor, num esforço de Valores comuns, temos que estar no topo dessa pirâmide, nível que Maslow conotou de “realização pessoal”.
Não dá para convencer ninguém a trabalhar pelo bem comum, se essa pessoa, hoje, estiver preocupada em obter seu prato de comida. E infelizmente esses, em vez de serem auxiliados a subir, são os mais manipulados pelos demagogos no poder.
E como auxiliá-los a subir? Com oportunidades de Educação real, para informação e discernimento, e através de regras e merecimentos.
Enquanto nossas escolas continuarem e fingir que estão ensinando e os alunos a fingir que estão aprendendo, cada vez mais vergonha de sermos brasileiros teremos, diante de outras nações.
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José Crespo foi deputado estadual na ALESP por três mandatos consecutivos e atualmente é presidente do ICPP – Instituto de Cidadania e Políticas Públicas.