Aos trancos e barrancos a democracia brasileira completa o jubileu de prata do instituto da reeleição. Segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o Congresso Nacional vai debruçar-se sobre a conveniência de extinguir a possibilidade de reeleição para cargos do executivo.
Vinte e cinco anos de experiência da reeleição no Brasil constata-se que ela é o princípio e o fim de todos os tipos de corrupção por um motivo claro: no exercício do poder prefeitos, governadores e presidentes são estimulados por grupos econômicos poderosos a negociar projetos, a superfaturar obras e, por consequência, a arrecadar recursos para futuras campanhas eleitorais.
O resultado político dessa sinistra ciranda é que, a cada dia, a nação fica perigosamente mais tolerante com a ausência de limites das fronteiras entre o público e o privado. Em 1921, o sábio filósofo espanhol, Ortega Y Gasset alertava:
“uma sociedade míope agrava a enfermidade pública, prestigiando políticos sem virtudes que impõem as suas vontades e interesses em prejuízo dos verdadeiros valores da nação.”
Em resumo, a história recente do Brasil demonstra que a reeleição tornou-se ferramenta de corruptos e corruptores em todos os níveis de governo.
O chefe de executivo mal assume o mandato e, no dia seguinte, começa a articular sua reeleição. Essa caótica realidade política desvaloriza o planejamento estratégico de longo prazo e corrói um dos alicerces democráticos, a alternância de poder.