Cerca de oito meses atrás, o governo do Estado do Rio de Janeiro teria remetido à administração do ex-presidente Donald Trump um relatório de inteligência classificando o Comando Vermelho (CV) como organização terrorista de caráter transnacional, com atuação consolidada em diversos países do continente americano, inclusive em território norte-americano. O documento, segundo fontes ligadas à segurança pública, conteria elementos de rastreamento financeiro e de logística criminal que apontariam vínculos diretos entre o narcotráfico e redes de contrabando internacional.
Nos meses subsequentes, observou-se uma intensificação das operações das Forças Armadas dos Estados Unidos no Caribe e na América do Sul, sob a justificativa de combate ao narco-terrorismo. A coincidência temporal entre esses movimentos e o avanço de iniciativas repressivas no Brasil sugere uma possível
sincronia de inteligência entre órgãos norte-americanos e forças de segurança estaduais brasileiras.
Neste contexto, a Operação Contenção, deflagrada recentemente no Rio de Janeiro, representa um marco estratégico no enfrentamento de organizações criminosas com características de insurgência urbana. Com o emprego de aproximadamente 2.500 agentes das Polícias Civil e Militar, o objetivo central foi o de neutralizar a expansão territorial do CV e cumprir mais de 100 mandados de prisão nos complexos do Alemão e da Penha, áreas reconhecidas como bastiões históricos da facção.
O saldo operacional foi expressivo, com 121 indivíduos neutralizados, sendo 54 baixas confirmadas no dia da incursão e outras 67 localizadas posteriormente em áreas de mata adjacentes. A operação resultou, infelizmente, em quatro baixas entre os agentes do Estado, dois policiais civis e dois militares, número considerado reduzido diante da complexidade do terreno e da magnitude da resistência esperada, com a utilização por parte dos facínoras de armas de grande potência, utilizadas em grandes conflitos internacionais.
A execução da operação revelou planejamento minucioso, sincronização interinstitucional e notável domínio de inteligência de campo, elementos que fogem ao padrão operacional típico de forças estaduais. A precisão dos alvos, o controle do ambiente tático e a neutralização seletiva das ameaças indicam apoio logístico e informacional de alto nível, compatível com protocolos de operações conjuntas com agências estrangeiras de inteligência.
O aspecto mais revelador, contudo, foi o silêncio estratégico do Governo Federal diante do impacto político da ação. Tradicionalmente, operações dessa natureza suscitam intensa reação ideológica e midiática, sobretudo de setores vinculados à esquerda política. Desta vez, entretanto, observou-se contenção discursiva e até declarações de apoio institucional por parte da administração federal ao governo fluminense.
Tal postura evidencia uma mudança de eixo político-estratégico, possivelmente orientada por pressões ou compromissos de cooperação internacional. A hipótese mais plausível é a de que o governo norte-americano tenha exercido influência diplomática direta sobre o Executivo brasileiro, alinhando-o a uma agenda
hemisférica de combate ao narco-terrorismo, na qual o Comando Vermelho figura como ator prioritário.
Sob a ótica doutrinária, a Operação Contenção pode ser enquadrada no espectro das operações de contrainsurgência urbana (COIN), caracterizadas pela integração de meios de inteligência, repressão seletiva e neutralização de estruturas logísticas inimigas. A eficiência da ação demonstra que houve monitoramento prévio e interceptação de comunicações em tempo real, o que reforça a hipótese de apoio de sistemas de vigilância eletrônica de origem estrangeira, como plataformas de SIGINT (Signals Intelligence) ou ISR (Intelligence, Surveillance and Reconnaissance).
Em suma, a Operação Contenção transcende o âmbito policial e assume relevância estratégica no reposicionamento do Brasil no contexto da segurança hemisférica. Ao que tudo indica, a ação não apenas desarticulou um importante núcleo operacional do Comando Vermelho, mas também selou, de forma tácita, uma
cooperação antiterrorista entre Brasília e Washington, marco silencioso de uma nova doutrina de segurança integrada na América do Sul.
A operação contenção e o tabuleiro geopolítico sul-americano – por Foch Simão







