Uma das virtudes que mais me causa admiração é a coragem. Não uma coragem qualquer, impelida pelo calor dos acontecimentos e necessidade de sobrevivência, que faz parte dos nossos instintos e todo animal, racional ou irracional, possui.
Falo da coragem de lutar pelo que é certo e justo, notadamente quando o ato de altruísmo também beneficiará a outras pessoas.
A coragem que o povo da Ucrânia está mostrando, de lutar pelo seu país contra a estúpida e injustificável invasão por uma superpotência militar, é um atual e grande exemplo.
Mas a coragem não requer apenas o uso da força física, no mais das vezes desnecessária. Essa virtude pode ser exercida por diversos outros modos.
Um deles é expressar seus pensamentos e ideias, claro que sempre nos limites da legalidade e de modo respeitoso, e exigir o que é certo e justo.
Por outro lado, contrariamente à coragem, surge a acomodação e, não raras vezes, a covardia, que normalmente se dão por meio da omissão (inação).
A partir do momento em que as pessoas se omitem, pensando que o problema não é delas, há outros que farão alguma coisa, dane-se se isso ou aquilo ocorrer, depois a gente vê o que fazer, para mim está ótimo, dentre outras inações análogas, situações muito ruins podem ocorrer. Os exemplos estão à nossa volta e basta pensar um pouco para visualizá-los.
Uma das formas de se medir a grandeza de um povo é pela sua vontade e altivez de lutar pelo que é justo.
Autor: César Dario Mariano da Silva – Procurador de Justiça – MPSP. Mestre em Direito das Relações Sociais – PUC/SP. Especialista em Direito Penal – ESMP/SP. Professor e palestrante. Autor de diversas obras jurídicas, dentre elas: Comentários à Lei de Execução Penal, Manual de Direito Penal, Lei de Drogas Comentada, Estatuto do Desarmamento, Provas Ilícitas e Tutela Penal da Intimidade, publicadas pela Editora Juruá.