É compreensível a indignação dos paulistanos quando, em virtude das emergências climáticas, ficam privados de energia elétrica. A eletricidade é hoje um bem fundamental. Tudo funciona à base dela. E será assim cada vez mais, com a instalação de data centers, essenciais à implementação da nova era da Inteligência Artificial – IA.
Ocorre que o problema é muito complexo. Primeiro, as mudanças climáticas já não são pequenas perturbações que poderiam passar de forma impercebível pela maioria. Não. Agora são fenômenos intensos e inclementes. São Paulo, a antiga “terra da garoa”, é agora a terra das tempestades, dos vendavais e dos ciclones extratropicais.
Depois, a maior cidade do Brasil cresceu de forma insana e insensata. Enterrou milhares de córregos. Quis retificar seus rios e os transformou em coletores e transportadores de imundícies. Foi completamente impermeabilizada, o que faz com que as precipitações ganhem força, formem correntezas, enchentes, inundações, deslizamentos e mortes.
A Prefeitura está fazendo sua parte. Mas é preciso que todos também colaborem. Como? Consumindo menos, desperdiçando menos, descartando corretamente aquilo que se “joga fora”. Na verdade, não há “jogar fora”. Tudo cai aqui dentro deste pequeno e frágil planeta. Aquilo que fica nas ruas vai entupir bueiros, vai contaminar a água que bebemos..
Plantar mais árvores, ajudar a conservar a saúde delas, exigir fiação subterrânea, participar dos Conselhos que exercem a democracia participativa e que ajudam o Prefeito Ricardo Nunes a fazer da capital a campeã da resiliência, do verde e da adaptação às transformações que resultam de nossa própria conduta, pois não sabemos cuidar da natureza, da qual somos parte indissolúvel.
*José Renato Nalini é Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.
