Ao demitir Daniela Lima por suas opiniões políticas, com base numa pesquisa da Quaest, a Globo News viola não apenas a liberdade de expressão da jornalista, nem só dos jornalistas da Globo News; viola a liberdade de expressão de todos os jornalistas. Fere, portanto, a constituição.
Jornalistas não são artistas para seu desempenho ser avaliado pelos telespectadores. É uma prova de total falta de ética contratar um instituto de pesquisa para perguntar aos assinantes como eles avaliam seus comentaristas e apresentadores.
Mas além de contratar a avaliação, a Globo News a tomou como mandamento sagrado. Sabe-se lá quantos entrevistados disseram que o canal “é de esquerda” e a Globo News acreditou. Aí é falta de inteligência.
Além de acreditar numa avaliação totalmente fora de propósito, a emissora colocou a “culpa” em Daniela Lima, como se uma jornalista que fica no ar uma hora por dia fosse a cara de uma emissora com dezenas de jornalistas e 24 horas de programação. Sem Daniela Lima, pronto: a emissora deixa de ser “de esquerda”.
Eu não concordo com todas as opiniões da Daniela, mas discordo de todos os argumentos usados para demiti-la. Cheiram a macartismo. De agora em diante todos os jornalistas da GloboNews estão sob a espada de Dâmocles. Suas cabeças podem ser cortadas a qualquer momento. Como os assinantes vão ter certeza se eles dizem o que pensam ou dizem o que a emissora quer que eles pensem.
Espero que a ABI questione a GloboNews. Ela tem que se explicar. Demitir em razão de opinião é inconstitucional. Ao demitir por esse motivo, a GloboNews perdeu credibilidade; ao ser demitida, Daniela Lima ganhou.
Não há democracia sem jornalismo livre. Não há jornalismo livre sem jornalistas que não abrem mão de suas opiniões. Daniela Lima mostrou que é uma delas.
Já a GloboNews mostrou que abre mão de jornalistas que não abrem mão de suas opiniões.
Jornalista
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