Não me disponho a comentar sobre a seleção que joga com nome de Brasil, porque há muito deixou de ser “a pátria de chuteiras”. Mas quero falar da imagem de Dorival Jr ‘fora da roda”, quando da decisão por pênaltis, na derrota para o Uruguaio, na Copa América.
A imagem, fria, rodou o mundo, seguida de críticas de todos os tamanhos e em todos os idiomas. Em resumo, as críticas pintaram Dorival como um técnico escanteado pelo grupo de jogadores, que decidiram, sem ele, quem e como cobrariam os pênaltis. Sem por ou tirar.
Vejo o técnico Dorival Jr no mesmo nível que foi como jogador. Honesto, dedicado, trabalhador, mas sem méritos para vestir ou comandar a desbotada canarinho. Hoje, mesmo usando agasalho que homenagea Zagallo.
O que não me proibe lamentar os que o apedrejaram sem, antes, ouvi-lo. Como fizeram a CNN e a Sportv, entrevistando-o. Dando a ele a oportunidade de puxar as orelhas dos que julgam sem ouvir as partes. E de mostrar – vi na Sportv – que ele, como técnico, evita mesmo conversar com os jogadores naquele momento de decisão. Imagens no Flamengo e no São Paulo.
Dorival Jr disse que treina e conversa antes com todos os escolhidos. E eu completo que são profissionais, tarimbados, vindo de clubes famosos, portanto, experientes. Discorde dele quem quiser, mas não pode negar ser esse o jeito dele – o que nega ter sido “passado para trás pelos craques.
Será mesmo importante e decisiva aquela instrução em cima da hora?
Na decisão da Libertadores de 1992, contra o Newell´s Old Boys, da Argentina, Morumbi abarrotado por 105.195 pagantes, mais o bicões, como eu. Sem espaço, fiquei no campo, atrás do gol onde foram cobrados os penaltis decisivos, ao lado de Valdir de Moraes, da Comissão técnica do São Paulo.
Valdir de Moraes, como espião, tinha analisado e anotado como cada jogador adversário cobrava o pênalti. E, com o papel na mão, gritava passando a cola para o goleiro Zetti que, juro, não acredito pudesse ouvi-lo, concentrado no jogo, e pelo barulho da multidão.
No último do Newell´s, cobrado por Gamboa, Valdir gritou a todo pulmões o canto direito. Zetti “advinhou” o esquerdo e garantiu o primeiro título do São Paulo na Libertadores.