Se você ronca – ou conhece alguém que o faz – é bom ficar alerta. Embora o ronco seja apenas um problema social por incomodar quem dorme a seu lado, também pode ser sinal de que você sofre da Síndrome da Apnéia do sono.
Apnéia do sono é definida como uma parada respiratória por mais de 10 segundos. Caracteriza-se Síndrome da Apnéia do sono quando ocorrem 5 ou mais paradas respiratórias por hora de sono.
Existem três tipos de apnéia do sono: a apnéia central, que é rara e causada por uma disfunção do sistema nervoso central, a apnéia obstrutiva do sono e as mistas.
A apnéia obstrutiva do sono ocorre quando há algum problema obstrutivo no nariz, como o desvio de septo e o aumento dos cornetos nasais (que faz parte do quadro de rinite alérgica) ou na garganta. Nas crianças, é causada pela hipertrofia da adenóide (conhecida como carne esponjosa) e das amígdalas.
Alguns maus hábitos também facilitam a ocorrência da apnéia obstrutiva do sono, como comenta o otorrinolaringologista Dr. Levon Mekhitarian Neto: “A obesidade é um fator importante para fazer com que a pessoa ronque ou tenha apnéia. Se você juntar a isso o hábito de fumar, consumir bebida alcoólica, alimentar-se antes de dormir sem dar tempo para a digestão, não ter horário certo para dormir, com certeza irá roncar e ter apnéia”.
A apnéia ocorre com maior freqüência entre os homens. Segundo o Dr. Mekhitarian Neto, isso ocorre porque “os hormônios femininos protegem a mulher até a menopausa. Além disso, os homens costumam fumar, comer e beber mais e seus hormônios facilitarem aquela “barriguinha”. Somando esses fatores, eles têm mais chance de desenvolver a síndrome”.
COMO DIAGNOSTICAR A APNÉIA DO SONO?
Muitas pessoas sofrem da síndrome da apnéia do sono mas não sabem. “Normalmente a pessoa com apnéia não sabe que tem. É o companheiro ou companheira que percebe que o outro parou de respirar e fica preocupado”, afirma o Dr. Mekhitarian Neto.
Diante dessa constatação, o paciente passa por um exame chamado polissonografia, que é realizado em uma clínica do sono. A pessoa dorme uma noite inteira e é monitorada o tempo todo. Em primeiro lugar, constata-se se há apnéia, e, depois, em que quantidade e qual o tipo: central, obstrutiva ou mista.
Depois desse exame, ocorre a classificação em síndrome da apnéia leve, moderada ou severa.
Na apnéia leve, ocorrem entre 5 e 15 paradas respiratórias. Na moderada, entre 15 e 30, e, na severa, acima de 30 paradas respiratórias. Para cada uma delas há um tratamento específico, que pode ser clínico(mudança de hábitos), físico(uso de aparelhos de pressão aérea no nariz) ou cirúrgico.
A APNÉIA DO SONO TEM SINTOMAS?
Os sintomas da apnéia do sono variam de acordo com seu grau de ocorrência, geralmente os mais freqüentes são:
- Sonolência diurna excessiva
- Irritabilidade constante
- Cefaléia matutina
- Dificuldade de concentração
- Disfunção erétil
- Terror noturno (em crianças)
- Ronco
OS RISCOS CAUSADOS PELA APNÉIA DO SONO
A ocorrência da apnéia do sono traz riscos à saúde, por isso deve ser tratada.
Nas crianças, promove o não-desenvolvimento, uma vez que a apnéia atrapalha a fase do sono em que é liberado o hormônio do crescimento (GH). Além disso, a criança fica irritada e perde a concentração.
Nos adultos, a longo prazo, causa alterações cardiovasculares: sobrecarga do ventrículo esquerdo, hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame). Também pode ocasionar alterações psíquicas: “uma pessoa que está sempre com sono fica irritada, cansada. É também uma pessoa que tem um desequilíbrio emocional acentuado”, relata o Dr. Mekhitarian Neto.
O não-tratamento da apnéia do sono põe em risco a vida do portador, uma vez que é uma doença evolutiva com alta taxa de morbidade e mortalidade.
DÁ PARA EVITAR A APNÉIA DO SONO?
De certa forma sim. Assim ao perceber que uma pessoa ronca, deve procurar um especialista para fazer um diagnóstico, pois não é comum roncar todos os dias e em qualquer situação. Feito isso, o problema poderá ser tratado, e o paciente evitará a ocorrência das doenças causadas pela síndrome.
Além disso, é importante modificar alguns hábitos. Dormir em horário regular, evitar o fumo e as bebidas alcoólicas antes de deitar, controle da obesidade, entre outros, são fatores decisivos para manter um sono normal e sem a ocorrência das apnéias .
UMA PESSOA QUE RONCA TEM MAIS CHANCES DE TER APNÉIA DO SONO?
“Nem todo mundo que ronca tem apnéia, mas quase 90% das pessoas que têm apnéia roncam”, afirma o Dr. Mekhitarian Neto.
Isso significa que o ronco é um sinal de que há algo errado.
Apesar de ser considerado um problema social, o ronco pode ser um forte indício de que a pessoa sofre de apnéia. E aí, nesse caso, trata-se de um problema de saúde pública.
Por exemplo, se um motorista de ônibus sofre de apnéia, não dorme direito e passa a ter sonolência diurna, pode dormir ao volante, causando um acidente. Diante disso, países como os Estados Unidos têm a polissonografia como um dos requisitos obrigatórios para autorizar um motorista profissional a dirigir.
DR LEVON MEKHITARIAN NETO OTORRINOLARINGOLOGISTA
MESTRE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
MEDICINA DO SONO