D. PEDRO II, SEGUNDO IMPERADOR DO BRASIL, TINHA INEGAVELMENTE GRANDE PROPENSÃO PARA O ESTUDO por Sorayah Câmara
D. Pedro II nasceu no Palácio da Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, em 1825 e morreu em Paris, França, em 1891.
Filho de D. Pedro I e D. Leopoldina, arquiduquesa da Áustria, tinha um ano quando perdeu a mãe e nove quando faleceu o pai.
D. Pedro II tinha somente cinco anos de idade, em 7 de abril de 1831, quando D. Pedro I abdicou dos direitos imperiais em seu favor. Devido à sua pouca idade, o país passou a ser governado por regências, ficando o príncipe sob a tutela de José Bonifácio de Andrada e Silva, nomeado tutor dele pelo ex-imperador pouco antes da abdicação.
Durante a sua menoridade, que se caracterizou por encarniçadas lutas civis em diversas províncias, o Brasil foi governado por uma regência.
Em vista da gravidade da situação política, os liberais e uma parte dos conservadores decidiram antecipar a declaração de maioridade de Pedro II, fazendo-se intensiva propaganda.
Em 1840, apesar da resistência do governo regencial, foi proclamada a maioridade por decisão do Congresso.
Porém, a lei estabelecia como idade mínima para exercer as funções e dignidades de imperador a idade de 18 anos e D. Pedro II contava apenas catorze anos.
Foi coroado em 1841.
Em 1843, D. Pedro II se casou com Dona Tereza Cristina Maria de Bourbon, filha de Francisco II, das Duas Sicílias.
No seu reinado, pacificou-se o país, depois de intensivas lutas militares, dentre as quais a do Rio Grande do Sul, onde se deu a Guerra dos Farrapos, que estourou na regência Una de Feijó e que durou dez anos.
A partir de 1848, o país entrou em um período de paz interna, ou seja, o governo se mostrou clemente em relação aos vencidos.
No Brasil, nesse período houve desenvolvimento; o tráfico de negros foi suprimido em 1850; construíram-se as primeiras estradas de ferro e linhas telefônicas, no Rio de Janeiro; desenvolveu-se a plantação de café, cana, algodão e fumo. O Brasil foi o primeiro país sul-americano a inaugurar uma linha férrea, em 1854.
Diversas empresas capitalistas estrangeiras, sobretudo inglesas, fizeram consideráveis investimentos no país. Incentivou-se a imigração estrangeira; embora continuasse baixo o nível de instrução do povo, difundiu-se relativamente a educação.
Além disso, o período correspondeu a um florescimento da literatura, com o aparecimento de grandes vultos nas letras nacionais. As artes plásticas e a música tiveram igualmente notável desenvolvimento.
O Segundo Reinado se caracterizou pelo revezamento no poder dos partidos Liberal e Conservador.
O sistema parlamentarista foi, gradualmente, adotado, embora a Constituição de 1824, não tivesse instaurado um regime parlamentar e o soberano pudesse livremente nomear e dispensar os seus ministros sem prestar contas de tais atos ao Parlamento.
Em política externa, ocorreram no Segundo Reinado lutas exaustivas, que trouxeram sérias consequências para o país, como, por exemplo, a investida paraguaia contra as Províncias de Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
Depois de uma luta encarniçada, em que os brasileiros arcaram com o peso maior da guerra, quer em homens, quer em despesas materiais, o Paraguai foi subjugado em 1870, custando a campanha a vida de mais de 90.000 brasileiros.
O país nada ganhou com a luta armada, não chegando sequer a receber a dívida de guerra do Paraguai. O fim da campanha coincidiu com o início de uma fase de grande desprestígio da monarquia.
A propaganda republicana tomou vulto, em 1870, com um manifesto dos adversários do regime.
Paralelamente, tornava-se cada vez mais intensa a propaganda da abolição da escravatura.
Em 1871, estando D. Pedro II ausente na Europa, a princesa Isabel, que o substituía, na direção suprema do império, promulgou a Lei do Ventre Livre, proposta pelo visconde do Rio Branco, a qual declarava livres os filhos de mulher escrava que nascessem no Brasil.
A propaganda dos abolicionistas, que desejavam a extinção total do regime de trabalho escravo no Brasil, prosseguiu.
Finalmente, em 13/05/1888, a princesa Isabel sancionou a Lei Áurea, que consagrou a liberação total dos escravos no País. Os grandes latifundiários, que haviam sofrido considerável prejuízo, retiraram o seu apoio à monarquia como consequência daquele ato.
Em 15/11/1889, D. Pedro II foi deposto por um levante militar e instituiu-se no Brasil o regime republicano, sendo a família real exilada para a Europa.
A personalidade de D. Pedro II foi observada de várias formas, quer pelos contemporâneos, quer pelos historiadores.
Afirmou-se frequentemente que o imperador não reinava realmente, deixando o exercício do poder a seus ministros.
Porém, essa afirmação não correspondia à realidade e alguns até o acusaram de autoritário. Tinha inegavelmente grande tendência para o estudo. Deixou várias poesias originais e escritos em prosa, além de traduções do espanhol, do hebraico, do italiano e assim por diante.
“A forma republicana de governo requer o tipo mais elevado da natureza humana – um tipo que presentemente não existe em lugar nenhum.”
Herbert Spencer (1820-1903), filósofo, biólogo e antropólogo inglês.