O alfabetizando é autor e testemunha de uma história que se materializa na escrita e essa conscientização o faz mais responsável por sua própria história.
O método do exímio educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997), não ensina a repetir palavras por meio de um discurso abstrato, pelo contrário, simplesmente, coloca o alfabetizando em condições de poder reexistenciar criticamente as palavras de seu mundo, e na oportunidade devida saber e poder dizer a sua palavra.
O homem tem a capacidade misteriosa e contraditória da consciência, pois pode se distanciar das coisas para fazê-las presentes imediatamente.
Ao nos conscientizarmos do mundo, estamos elaborando esse próprio mundo.
Paulo Freire legou um método pedagógico à humanidade que procura dar ao homem a oportunidade de conscientização por meio da retomada reflexiva relativa ao processo em que ele vai se descobrindo autor e testemunha da sua própria história.
Não nos conscientizamos separados dos demais, ou seja, a consciência se constitui como consciência do mundo.
As consciências não se encontram no vazio de si mesmas, pois consciência é sempre, consciência do mundo.
Enfim, consciência é abertura!
Na verdade, o isolamento não personaliza porque não socializa.
O mundo da conscientização se dá, primeiramente, pelo trabalho e não pela contemplação. Nesse sentido, o mundo da consciência não é criação, mas sim, elaboração humana.
Todos juntos em colaboração reelaboram o mundo e, ao reconstruí-lo muitos percebem que esse mundo reconstruído não é verdadeiramente de alguns que também o construíram.
Ou seja, as mãos que fazem esse mundo, não são as mesmas que o dominam.
Alfabetizar-se não é aprender a repetir palavras, mas a dizer a sua palavra, criadora de cultura.
Expressar-se, expressando o mundo, implica em comunicar-se.
Enfim, o homem se humaniza, dizendo o seu mundo. Daí surge, a história e a cultura.
Escrever não é repetir a palavra dita, mas, dizê-la com força reflexiva, força essa que se faz instauradora do mundo da consciência, criadora da cultura.
Alfabetização não é um jogo de palavras, é a reconstrução crítica do mundo humano, a abertura de novos caminhos, a coragem de dizer a sua palavra.
É fundamental refletir que a palavra humana imita a palavra divina e que é criadora para poder haver compreensão da alfabetização como conscientização.
Portanto, aprender a ler é aprender a dizer a sua palavra que diz e transforma o mundo.
Os homens se humanizam, humanizando o mundo.
Conscientizar é politizar no sentido amplo do termo.
O método do educador Paulo Freire é, fundamentalmente, um método de cultura popular: conscientiza e politiza, ao mesmo tempo, que não absorve o político no pedagógico, não põe inimizade entre educação e política.
A educação deve ser vista como prática da liberdade da humanidade que foi roubada por aqueles que detêm o poder.
“Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”.
Paulo Freire (1921-1997), educador e filósofo brasileiro.