É difícil de acreditar que um país como o Brasil, que luta para crescer produzindo mais, abrindo novas oportunidades de trabalho e sentir a economia beneficiar seu povo fique amarrado por falta de energia elétrica. Repare bem: não por falta de energia gerada, mas por ineficiência das empresas distribuidoras por não tratarem como deveriam seus clientes físicos e jurídicos. O comércio e, também, parte do setor secundário da economia estão de “orelhas em pé”. Por via de consequência, indústrias estão se preparando para eventual redução em suas linhas de produção, por falta de pedidos. Isso está muito claro porque se os lojistas e atacadistas não fazem pedidos de produtos, a indústria não produz. De há muito São Paulo, o estado que mais produz riqueza está sofrendo com os apagões. Outras regiões brasileiras também estão sendo prejudicadas por distribuidoras de energia que pararam no tempo. Estas distribuidoras estão desatualizadas em termos de tecnologia, não por falta dela, mas porque visam gerar lucros maiores e espremem “o bagaço” do que foi implantado dezenas de anos passados. Os órgãos públicos deveriam fiscalizar essas distribuidoras e por sinal tem instrumentos para isso, basta observar-se a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), um elefante branco que a tudo assiste. E, pior, deixam essa situação ao Deus dará. Boa parte do centro nervoso do varejo de vendas da Capital de São Paulo, escritórios de negócios, cartórios, centros de compra e venda, escolas, serviços assistenciais de saúde, assim como os próprios ambientes públicos, redundantemente, ficam às escuras, ou com iluminação intermitente. Pobre de quem vivem do seu armazém de secos e molhados, grandes lojas varejistas, sem contar outras dezenas de atividades. A falta de energia elétrica muita coisa boa vai para o lixo por falta de refrigeração. Se lojas, armazéns, bares e restaurantes são fechados porque não conseguem clientes, quem pagará suas despesas correntes? Outro problema paralelo e recorrente são as transportadoras, as quais não têm o quê transportar – outro enclave que deve ser levado muito a sério do ponto de vista da economia. Assim, o PIB ( que é a soma de toda a riqueza do país) só pode despencar. Essa narração retrata o calvário no qual nos encontramos, mas se somarmos a sensação de abandono de famílias inteiras a coisa piora ainda mais: idosos, crianças, doentes sem capacidade de locomoção residentes em apartamento, ou mesmo em casas, estão vivendo dramas quase que comparados a uma guerra que mata, sem o uso de balas, mísseis ou explosivos, como em Gaza ou na Ucrânia. Enfim, esse sofrimento angustiante não deveria existir mais. Medidas sérias de quem detém o poder da caneta nas mãos deveriam (devem) ser tomadas. Só falta coragem, ou despego em relação a outros interesses paralelos. A propósito, as eleições para renovação de cargos nos legislativos e executivos municipais estão chegando. É oportuno lembrar dessas horas amargas na hora de apertar o botão da urna eletrônica.
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Antoninho Rossini – Jornalista e Escritor