À medida que a digitalização se torna predominante em todas as esferas da vida, a proteção da privacidade de dados pessoais atinge uma preocupação fundamental, sobretudo com a implementação de regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) no Brasil e, que determina às empresas e organizações a responsabilidade de garantir que os dados pessoais dos usuários sejam coletados, processados e armazenados de maneira segura e ética.
Nesse sentido, a gestão de acessos desempenha um papel crucial na preservação da privacidade e segurança dessas informações sensíveis. Isso porque ela se refere ao controle e à administração das permissões de usuários a sistemas, aplicativos e dados, atuando na prevenção de acessos não autorizados e na minimização de riscos relacionados à exposição indevida de informações sensíveis.
Além disso, a capacidade de auditar e rastrear atividades de acesso possibilita uma resposta rápida a qualquer comportamento suspeito, fortalecendo a postura de segurança.
Outro fator positivo desta prática é a conformidade com regulamentações de privacidade, como a LGPD, que facilita o compliance, evitando penalidades e preservando a reputação da organização. Por outro lado, a confiança dos usuários é fortalecida, uma vez que a empresa demonstra um compromisso tangível com a proteção dos dados pessoais. A gestão de acessos, embora fundamental para a proteção da privacidade de dados, demanda atenção cuidadosa em diversos pontos críticos. Uma das recomendações é estabelecer políticas de acesso claras para garantir que os usuários tenham permissões estritamente alinhadas com suas responsabilidades, evitando, assim, concessões excessivas que possam resultar em potenciais violações de privacidade.
Já a educação e a conscientização dos usuários sobre práticas seguras também são vitais, uma vez que a negligência por parte dos colaboradores pode comprometer a eficácia do sistema de gestão de acessos. A adoção de soluções de tecnologia é um caminho para a eficácia da gestão de acessos e para a garantia da privacidade de dados pessoais. A implementação de sistemas avançados de gerenciamento de identidade e acesso (IAM) permite a atribuição granular de permissões, assegurando que os usuários tenham acesso apenas às informações necessárias para suas funções específicas.
A autenticação multifator (MFA), por sua vez, reforça a segurança, exigindo múltiplos métodos de verificação de identidade, reduzindo significativamente o risco de acessos não autorizados. E, as ferramentas de monitoramento contínuo e análise de comportamento de usuários ajudam a identificar atividades suspeitas em tempo real, permitindo uma resposta imediata a potenciais ameaças. Somado a esses recursos, ainda temos a criptografia robusta de dados pessoais durante o armazenamento e a transmissão, que permite gerar uma camada adicional de proteção.
Em contrapartida a esses pontos de atenção, é preciso que haja uma gestão adequada de acessos, pois a falta de gerenciamento pode representar um terreno fértil para uma série de riscos que podem trazer impactos significativos na privacidade de dados pessoais. Um dos principais perigos reside na concessão excessiva de permissões, que abre portas para acessos não autorizados e potencialmente maliciosos, podendo resultar em vazamentos de informações sensíveis, que comprometem a integridade e a confidencialidade dos dados pessoais armazenados.
Além disso, a falta de monitoramento adequado pode permitir a persistência de acessos indevidos, prolongando o tempo de exposição e, consequentemente, aumentando os danos. A ausência de políticas claras de revogação de acessos quando um funcionário deixa a organização também apresenta riscos, podendo resultar em acessos não autorizados pós-emprego.
Em última instância, esses riscos podem desencadear violações de privacidade, levando a penalidades legais, danos à reputação da empresa e, acima de tudo, uma perda irreparável da confiança dos usuários. Portanto, a gestão de acessos inadequada não apenas compromete a segurança dos dados, mas também lança uma sombra ameaçadora sobre a essência da privacidade de dados pessoais.
Fica o alerta de que a gestão de acessos desempenha um papel vital na preservação da privacidade de dados pessoais em um mundo digitalizado. Os benefícios são vastos, desde a minimização de riscos até o aumento da confiança do usuário. No entanto, os desafios demandam uma abordagem cuidadosa e abrangente.
Isso significa que, ao priorizar a gestão de acessos como parte integrante das estratégias de segurança da informação, as organizações estão não apenas cumprindo regulamentações, mas também construindo uma base sólida para a confiança e a lealdade dos usuários.
*Klelio Gentiluci é gerente sênior de privacidade da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação e proteção e privacidade de dados.