Historicamente, o futebol mistura sentimentos de amor ou de ódio. Então, peço aos meus leitores-internautas que não se iludam. Nem tentem imaginar que os torcedores compreenderiam os eventuais tropeços. Nunca. Afinal, eles – reparem nas arquibancadas – assimilariam uma derrota. Só querem aplaudir as vitórias. Aí viram donos do mundo.
Mas tudo tem um preço na vida. No futebol, mais ainda. Acabou a fase do romantismo esportivo. Ou melhor, há quem acredite – ou finge acreditar nos beijos nas camisas e nas juras de amor eterno. Notem: quem paga mais é que leva.
Que o diga o líder Botafogo, compreensivelmente blindado pelos elevados gastos na atual temporada: R$ 231 milhões – só atrás do Flamengo: R$ 275 milhões. E daí? Apaguem a eliminação rubro-negra diante do Peñarol. Volto ao líder. Não é de graça que o timaço do Rio, além de ocupar o topo do Brasileirão, despachou o São Paulo da Libertadores na casa tricolor. Ok que tenha sido nos pênaltis, mas é do jogo jogado.
Já o Corinthians precisou recorrer às mágicas inseridas na matemática do custo-benefício para sair da lama e manter chances reais de brigar pelo título na Copa do Brasil e na Sul-Americana. O clube arrecadou R$ 80 milhões para negociar Wesley, Fausto Vera, Carlos Miguel e Raul Gustavo contra R$ 61 milhões para trazer Hugo Souza, Alex Santana, André Ramalho, Charles, José Martínez, Héctor Hernández, André Carillo, Talles Magno, Igor Coronado e Memphis Depay. No entanto, os salários destes dois últimos chegam, respectivamente, a R$ 2 milhões e R$ 3 milhões mensais. Alguns nada custaram no item transações porque estavam livres no mercado. As dívidas beiram R$ 2,3 bilhões já incluídos R$ 700 milhões da Arena a serem quitados na Caixa pela Fiel.
Enquanto isso, nem os rivais mais fanáticos teriam coragem de falar mal do Palmeiras. Afinal, o Alviverde – escorado no patrocínio master da Crefisa e na competência da presidente Leila Pereira – projeta um faturamento de R$ 1 bilhão até o fim deste 2024. Será o maior na história do clube. Nos primeiros sete meses deste ano, as receitas cravaram R$ 785,9 milhões. Estão previstos R$ 200 milhões em reforços para 2025. Síntese: os números não mentem. Os mais fracos choram. Os mais fortes batem palmas e não param de encher os cofres. Os deuses da bola mandam que assim seja. Não duvidem.