Não é exagero chamar a Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia em São Paulo, de “empresa pirata”. Traduzindo: saiu da Itália para saquear o bolso do consumidor brasileiro.
Desde de quando assumiu o direito de fornecer energia para milhões de paulistanos no lugar da Eletropaulo, a Enel tem feito basicamente duas coisas: demitir funcionários e aumentar a conta de luz. Assim, sobra mais dinheiro para enviar aos seus acionistas na Itália.
O resultado desta equação é que a empresa presta um serviço de péssima qualidade, só visando o lucro. Enquanto os investidores italianos estão com os bolsos cheios lá na Europa, mais de 2,1 milhões de paulistanos sofrem com a falta de luz depois de uma forte, porém rápida, chuva na última sexta-feira (11).
As autoridades brasileiras não podem permitir que essa situação continue assim. O consumidor não pode ser explorado desta maneira. Ou a Enel presta um serviço minimamente aceitável ou que saia do País e volte para a Itália.
A fiscalização tem de ser pesada em cima da concessionária. Ela precisa cumprir o contrato que assinou, caso contrário não há razão para continuar aqui. O mais impressionante é que a Enel não consegue nem cumprir o básico, que é fornecer energia.
Ao demitir mais de 12 mil funcionários em apenas três anos, a concessionária simplesmente perdeu a capacidade de atender uma cidade com as dimensões e as peculiaridades de São Paulo. No último domingo (13), por exemplo, a Prefeitura verificou por meio de filmagens com drone que havia pelo menos 30 veículos de manutenção estacionados no pátio da concessionária, enquanto 760 mil imóveis ainda estavam sem energia. Por que esses carros estavam lá parados? Porque a Enel não tem funcionários em São Paulo.
Ela tinha que ter 2,5 mil pessoas trabalhando nas ruas imediatamente após a chuva, mas não teve. Ela passou o final de semana todo com pouco mais de mil pessoas mobilizadas, sem cumprir o que estava determinado. Ela tinha o compromisso de contratar pessoas e não contratou.
Pressionada, a empresa se viu obrigada a chamar às pressas colaboradores do Ceará, do Rio de Janeiro, do Chile, da Itália e de outros países. Também pediu socorro a outras distribuidoras de energia, que emprestaram 400 funcionários em caráter emergencial. Isso, além de ser inadmissível, é uma vergonha e um desrespeito com os paulistanos, que têm cada vez mais acumulado prejuízos.
Um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) aponta que, desde a última sexta-feira, as perdas de faturamento bruto por causa da falta de energia em São Paulo já somam pelo menos R$ 1,82 bilhão. Já o comércio paulistano acumula perdas em torno de R$ 589 milhões. O maior prejuízo ocorreu no sábado (12), Dia das Crianças, com prejuízo estimado em R$ 211 milhões por vendas que não puderam ser realizadas por causa do apagão.
Já passou da hora de o governo federal intervir na Enel. Ou a empresa melhora urgentemente o serviço prestado ou o seu contrato tem de ser rescindido imediatamente.